Zona Franca de Manaus tem estoque para operar até segunda-feira, diz Fieam

Eletrobras Amazonas não descarta possibilidade de rodízio de energia

Manaus

Na capital do Amazonas, a greve de caminhoneiros, interdita desde a última quinta-feira (24) o acesso à refinaria Isaac Sabbá (Reman). O bloqueio provocou corrida aos postos e ameaça parar as linhas de produção das fábricas da Zona Franca de Manaus

Pela cidade, os postos se dividem entre os que concentra filas de carros e os que já fecharam por falta de com combustível.

 
Frentista enche galões de diesel na avenida Tarumã, em Manaus
Frentista enche galões de diesel na avenida do Turismo, em Manaus - Fabiano Maisonnave/Folhapress
 

Em um posto Petrobras na avenida do Turismo, a gerente, que não quis se identificar, disse pela manhã que estava vendendo o triplo do normal e que só teria combustível por mais algumas horas.

Os demais quatro postos localizados no mesmo trecho da avenida, no bairro Tarumã, já estavam sem combustível.

O posto deveria ter recebido combustível na quinta (24), mas o caminhão-tanque nunca chegou. Apesar das “compras nervosas”, não havia limite por carro. Uma caminhonete trouxe diversos galões, enchidos com diesel.

No parque industrial, os reflexos devem ser sentidos já no início da semana que vem, caso a greve continue.

“A partir de segunda (28), já poderemos ter o distrito em processo de paralisação ao menos parcial, por consequência desse desabastecimento”,  disse o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo.

Um dos setores mais vulneráveis é o polo de duas rodas. Segundo Azevedo, as fábricas, que mensalmente produzem cerca de 4.000 motocicletas, podem ter a produção paralisada a partir de segunda-feira (28), tanto por falta de operários quanto por falta de componentes para a montagem e, até mesmo, de gasolina para testar as motos, depois de prontas.

De acordo com ele, os problemas devem começar a ser sentidos já neste sábado (26), com a falta de combustível para abastecer os ônibus que levam os trabalhadores até as fábricas.

Caso a greve se prolongue, a crise deve se espalhar para outros setores da indústria, como o abastecimento de maquinários e equipamentos movidos a combustível e a até o fornecimento de energia elétrica, uma vez que parte do parque industrial de Manaus é abastecido por usinas termelétricas.

Energia Elétrica

Apesar de dependerem principalmente de termelétricas , as cidades do Amazonas não estão passando por racionamento de energia elétrica por conta da greve dos caminhoneiros e do desabastecimento de combustíveis.

Esse risco, no entanto não está descartado, segundo o diretor de Operação, Planejamento e Expansão da Eletrobras Amazonas Energia, Marcelo Fadoul de Souza. “É possível que tenhamos esse problema mais para frente, se isso se estender por vários e vários dias. O maior prejudicado é o interior”, analisou. 

Em nota enviada à imprensa, a Eletrobras Amazonas Energia informou que “as usinas termelétricas do interior do Amazonas possuem reserva de geração de energia, descartando qualquer possibilidade de interrupções de energia por falta de óleo combustível até o presente momento, entretanto o cenário pode mudar na próxima semana se a greve persistir”.

Ainda segundo a concessionária, Manaus e sua região Metropolitana, cuja geração de energia é provida do linhão de Tucuruí, gás natural vindo de Urucu e hidrelétrica de Balbina, não corre risco de desabastecimento de energia.

Assim como em outras capitais brasileiras, a ameaça de desabastecimento provocou filas nos postos de combustíveis e supermercados, lotados de consumidores que temem ficar sem combustível e até mesmo alimentos. 

Ponto facultativo e aulas suspensas

A situação levou o prefeito de Manaus, Artur Virgílio Neto (PSDB), a decretar ponto facultativo nesta sexta-feira, suspendendo as aulas para 238 mil alunos de 499 escolas municipais e mantendo apenas as “atividades essenciais” nas secretarias. 

“É uma medida de contenção para que os serviços públicos não sejam totalmente paralisados. Manaus, assim como as demais cidades do Brasil, está buscando alternativas para manter a ordem em mais essa crise na economia do país. O Brasil está caminhando rapidamente rumo ao caos, é hora de os poderes constituídos mostrarem a sua cara, é hora, sobretudo, de o Presidente da República, o doutor Michel Temer, tomar as atitudes que precisam ser tomadas para coibir esse abuso”, disse o prefeito, em nota.

Com a medida, as 499 escolas da rede municipal de Educação, mais prédios administrativos da Secretaria Municipal de Educação (Semed), não funcionarão. As aulas para os 238 mil alunos da rede serão repostas em calendário especial, ao longo do ano.

Em nota oficial, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Amazonas (Sinetram) informou que a frota de ônibus também foi reduzida, operando com apenas 60% do total nesta sexta-feira. Segundo o sindicato, as empresas não terão como operar a partir de sábado, por conta da falta de combustível para abastecer os ônibus do transporte coletivo.

 Na saúde, apenas atendimentos de urgência e emergência realizados pelo Samu e as maternidades funcionam nesta sexta (25). Consultas, exames e procedimentos agendados foram suspensos pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), assim como uma ação de vacinação contra influenza e sarampo marcada  para esta sexta-feira (25). 

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