Alemanha e França fecham acordo para orçamento comum na zona do euro

Presidente do BC da Europa diz que autoridade terá paciência no aperto da política monetária

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O presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, durante anúncio em Meseberg, perto de Berlim
O presidente da França, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, durante anúncio em Meseberg, perto de Berlim - Ludovic Marin/AFP
Berlim | Reuters

A chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Emmanuel Macron concordaram nesta terça-feira (19) em criar um orçamento da zona do euro voltado para estímulo a investimentos no bloco e na promoção de convergência econômica entre seus 19 países.

Os líderes se encontraram em preparação para uma cúpula de líderes da União Europeia nos dias 28 e 29 de junho, com Macron interessado em introduzir uma ampla gama de reformas para fortalecer a zona do euro e insular a moeda única de futuras crises, enquanto Merkel tem sido mais cautelosa.

Merkel disse que a reforma da zona do euro era o assunto mais difícil durante as conversas deles no retiro de Meseberg, nas cercanias de Berlim, onde eles também abordaram políticas migratória, externa e de defesa.

"Estamos abrindo um novo capítulo", disse Merkel, após as conversas.

"Estamos trabalhando para garantir que o orçamento da zona do euro vai ser usado para fortalecer investimentos, e também com o objetivo de fortalecer a convergência dentro da zona do euro", ela acrescentou. "Porque nós sabemos que uma união econômica e monetária só pode permanecer intacta se as políticas econômicas convergirem."

Enquanto a economia europeia acelerou e não há nenhum sinal imediato de estresse financeiro, muitos analistas defendem que reformas são necessárias para proteger a moeda única.

Merkel, sob pressão interna onde seus conservadores se dividem sobre como reduzir a chegada de migrantes, disse que ela estava otimista que seu governo e o parlamento dariam apoio às reformas da zona do euro.

"Temos um rascunho para a nova zona do euro e isso é realmente uma coisa boa, eu diria", afirmou ela

Macron disse que o novo orçamento conjunto da zona do euro combinado entre eles seria operacional em 2021.

Detalhes do orçamento, incluindo o valor e se ele seria financiado por fontes nacionais ou um imposto em todo o bloco, seriam discutidos entre ministros antes do fim do ano, disse ele.

POLÍTICA MONETÁRIA

Mario Draghi, presidente do BCE (Banco Central Europeu), afirmou também nesta terça que a autoridade terá paciência no aperto da política monetária, acrescentando que a precificação do mercado para a primeira alta de juros pós-crise é consistente com o objetivo de agir gradualmente.

O BCE decidiu na semana passada encerrar seu programa de compra de títulos de € 2,6 trilhões até o fim do ano, mas disse que as taxas de juros permanecerão inalteradas pelo menos até o próximo verão (do hemisfério norte), uma redação que adiou as expectativas de aumento em três meses, até setembro de 2019.

Mas a incerteza está aumentando à medida que a ameaça de uma guerra comercial global se aproxima, enquanto a aceleração na inflação ainda não pode ser dada como certa já que salários mais altos podem não se traduzir em crescimento mais rápido dos preços, disse Draghi em um fórum em Sintra, Portugal.

"Vamos continuar sendo pacientes na determinação do momento do primeiro aumento dos juros e adotaremos uma abordagem gradual no ajuste da política monetária a partir de então", disse Draghi.

"A trajetória das taxas de juros de curtíssimo prazo que está implícita na estrutura a termo das taxas de juros atuais do mercado monetário reflete amplamente esses princípios."

Isso foi de encontro à reação brutal do mercado às palavras de Draghi em Sintra um ano antes, quando a mera sugestão de uma redução do estímulo monetário fez com que o euro avançasse em relação ao dólar.

Este ano, Draghi conseguiu a rara proeza de enfraquecer o rendimento dos títulos e o euro enquanto anunciava o aperto da política monetária em uma coletiva de imprensa em 14 de junho.

O BCE tem como meta inflação abaixo de 2%, mas superou essa meta por mais de cinco anos, apesar de ter adotado um coquetel de medidas não convencionais sem precedentes para reavivar o aumento dos preços.

Embora os preços estejam agora em alta, em parte devido ao aumento do petróleo, e o BCE veja a inflação perto de sua meta até 2020, Draghi disse que a incerteza prevalece, nublando as perspectivas de alta dos preços.

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