Apple vai fechar brecha que permite desbloquear iPhone

Anúncio reacendeu o debate polêmico sobre o direito de a polícia acessar aparelhos pessoais.

Joseph Menn
São Francisco | Reuters

A Apple informou nesta quarta-feira (13) que vai mudar configurações do iPhone para dificultar o desbloqueio do telefone por alguém que não seja o dono do aparelho --- inclusive em casos no qual a Justiça requer o desbloqueio.

De acordo com a empresa, a nova configuração vai bloquear o acesso ao aparelho via USB caso o telefone tenha passado mais de uma hora sem ser desbloqueado. 

O anúncio reacendeu o debate polêmico sobre o direito de a polícia acessar aparelhos pessoais. 

O USB é a forma como as máquinas fabricadas pelas empresas forenses como GrayShift e Cellebritese conseguem contornar os mecanismos de segurança do iOS, que limitam a quantidade de senhas erradas permitidas antes de apagar os dados do aparelho.

Com o novo sistema, eles não poderão executar o código nos dispositivos se estiveram há mais de uma hora longe de seus donos.

Representantes da Apple disseram que a mudança nas configurações protegerá os clientes em países onde a polícia apreende e tenta invadir os telefones com menos restrições legais do que os EUA. Eles também disseram que criminosos, espiões e pessoas com más intenções costumam usar as mesmas técnicas para desbloquear. Mesmo alguns dos métodos mais valorizados pelas agências de inteligência acabaram sendo vazados na internet.

“Estamos constantemente fortalecendo as proteções de segurança em todos os produtos da Apple para ajudar os clientes a se defenderem contra hackers, ladrões de identidade e de intrusões em geral em seus dados pessoais”, disse a Apple. “Temos o maior respeito pela aplicação da lei e não projetamos nossas melhorias de segurança para frustrar seus esforços.”

Em 2016, após semanas de embate judicial, o FBI teve de recorrer a hackers profissionais para driblar o sistema de segurança do iPhone usado por  Syed Rizwan, responsável, ao lado da mulher Tashfeen Malik, pela morte de 14 pessoas em um ataque em San Bernardino (Califórnia), em dezembro.

A Apple se recusou a forçar o desbloqueio do telefone, afirmando que o programa seria um grave risco à privacidade do usuário. Várias lideranças do mercado de tecnologia apoiaram a posição da empresa.

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