Bayer vai aposentar nome de 117 anos da Monsanto quando concluir aquisição

Alemã comprou a fabricante de sementes americana por US$ 63 bilhões

Werner Baumann, presidente da alemã Bayer
Werner Baumann, presidente da alemã Bayer - Wolfgang Rattay/Reuters
Frankfurt | Reuters

A alemã Bayer informou nesta segunda-feira (4) que planeja concluir a aquisição da Monsanto por US$ 63 bilhões nesta quinta-feira (7), após ter recebido todas as aprovações exigidas pelas autoridades regulatórias.

Finalizada a transação, o nome de 117 anos do fabricante de sementes americano será aposentado.

"O nome da empresa continuará sendo Bayer. Monsanto não será mais um nome de empresa. Os produtos adquiridos manterão suas marcas e farão parte do portfólio da Bayer", disse a alemã em comunicado.

A Bayer lançou uma emissão de direitos de 6 bilhões de euros (US$ 7 bilhões) no domingo, peça fundamental do pacote de financiamento para o acordo, logo após a eliminação da última grande barreira antitruste nos Estados Unidos.

O acordo é o primeiro de um trio de grandes fusões entre empresas dos EUA e da Alemanha a ser concluído em um momento de duras críticas do presidente dos EUA, Donald Trump, ao superávit comercial da Alemanha com os Estados Unidos.

A T-Mobile US, da Deutsche Telekom, planeja se fundir com a Sprint por US$ 26 bilhões, enquanto os fabricantes de gases industriais Linde e Praxair também estão tentando se unir.

Não é uma surpresa que a Bayer abandone o nome da empresa adquirida. A Monsanto, a maior —embora não a única— fabricante de sementes geneticamente modificadas, tem sido um para-raios para a oposição dos ambientalistas à tecnologia.

O fabricante de sementes dos EUA também recebeu críticas por perseguir seus direitos de propriedade intelectual com agricultores, muitos dos quais dependem de suas sementes, mais agressivamente do que seus pares.

"Nosso objetivo é aprofundar nosso diálogo com a sociedade. Vamos ouvir nossos críticos e trabalhar juntos, onde encontrarmos um terreno comum. A agricultura é importante demais para permitir que as diferenças ideológicas paralisem o progresso", disse o presidente-executivo da Bayer, Werner Baumann.

As unidades indianas listadas separadamente pelas empresas, Bayer CropScience Ltd. e Monsanto India Ltd., continuarão operando independentemente por enquanto, disse a Bayer em comunicado separado.

A Bayer anunciou a intenção de adquirir a Monsanto em maio de 2016 e assinou um contrato com a empresa americana no valor de US$ 128 por ação em setembro de 2016  —valor que hoje corresponde ao custo total de US$ 63 bilhões, levando em consideração as dívidas pendentes da Monsanto em vigor em 28 de fevereiro de 2018.

Para adquirir a americana, a Bayer obteve um financiamento inicial de US$ 57 bilhões. E em busca da aprovação dos órgãos reguladores, a alemã concordou com o desinvestimento de negócios que geraram 2,2 bilhões de euros em vendas em 2017.

A Bayer afirma que se tornará a única acionista da Monsanto a partir de 7 de junho, e, de acordo com a aprovação condicional do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a integração com a Monsanto pode se concretrizar assim que os desinvestimentos para a Basf forem concluídos.

"Isso deve ocorrer em aproximadamente dois meses", escreveu a alemã.

Incluindo a Monsanto e levando em consideração os desinvestimentos, os negócios de saúde e agricultura das duas empresas teriam sido praticamente iguais em tamanho em 2017, diz a Bayer, com vendas totais de cerca de 45 bilhões de euros.

Em 2017, as fabricantes juntas empregavam aproximadamente 115 mil pessoas, incluindo os desinvestimentos.

A Bayer disse esperar uma contribuição positiva da aquisição ao lucro básico por ação a partir de 2019.

"A partir de 2021, essa contribuição deverá ser de dois dígitos percentuais. Além disso, ajustadas de acordo com o efeito dos desinvestimentos, a partir de 2022 a Bayer espera que as sinergias proporcionem contribuições anuais de US$ 1,2 bilhão ao Ebitda antes de itens especiais."

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