BRF planeja levantar R$ 5 bilhões para reduzir dívida

Plano de Pedro Parente para recuperar a empresa inclui venda de fábricas na Argentina, Tailândia e Europa

Raquel Landim
São Paulo

Duas semanas depois de assumir a presidência executiva da BRF, o executivo Pedro Parente anunciou ao mercado seus planos para reduzir a dívida e recuperar a gigante de alimentos, dona das marcas Sadia e Perdigão.

A empresa pretende levantar R$ 5 bilhões até o fim do ano, vendendo fábricas na Argentina, Tailândia e Europa, participações minoritárias em outras companhias, como o frigorífico de bovinos Minerva, ativos imobiliários e não operacionais, além de uma melhor gestão de estoques e reestruturação fabril.

O objetivo é reduzir a relação entre a dívida líquida e a geração de caixa —dos atuais 4,4 vezes para 4,35 vezes no fim do ano e abaixo de 3 vezes até dezembro de 2019— e tirar a empresa do vermelho. A companhia encerrou o primeiro trimestre com um prejuízo líquido de R$ 114 milhões, após dois anos seguidos de perdas próximas a R$ 1 bilhão anuais.

O ajuste, no entanto, não virá sem dor. Com poucos ativos fora do seu “core business” para se desfazer, a BRF terá que cortar na própria carne. As vendas dos ativos no exterior vão representar uma queda de 10% nos volumes vendidos e 12% a 13% na receita da empresa.

A expectativa é que a BRF demita ainda 5% de seus funcionários de chão de fábrica no Brasil. Os cortes já começaram e devem se estender pelos próximos 60 dias, atingindo 22 das 35 unidades no país. A companhia foi obrigada a ajustar a produção após as barreiras impostas pela União Europeia por causa da Operação Carne Fraca.

Em resumo: a BRF vai encolher depois da forte expansão dos anos em que foi comandada pelo empresário Abílio Diniz e pelo fundo Tarpon, período em que adquiriu 15 companhias no exterior, mas, em compensação, elevou sua dívida de R$ 4,3 bilhões em 2013 para R$ 13,3 bilhões em 2017.

Com anuência do conselho de administração, Parente, que também comandou a reestruturação da Petrobras, optou por focar a BRF no mercado doméstico brasileiro, na Ásia e no mercado muçulmano, atendido por plantas exclusivas, incluindo ativos na Turquia. Daí a decisão de vender as fábricas na Europa, Argentina e Tailândia.

De acordo com o executivo, o processo de venda dos ativos nesses países está em fase inicial. A empresa deve contratar em breve os bancos que vão ajudá-la a se desfazer dos ativos, mas as sondagens dos potenciais compradores ainda não começaram. “Temos uma caixa robusto que nos permite não tomar decisões apressadas. Vamos vender esses ativos pelo valor justo”, garantiu Parente.

Também parte do esforço para reduzir custo, o número de vice-presidências da BRFR foi reduzida de 14 para 10. Serão três vice-presidentes com focos em mercados específicos (Brasil, Halal e Internacional), três da área operacional (Operações, Planejamento, Operacional e Qualidade), e quatro corporativos (Finanças, Relações com Investidores, Planejamento Estratégico e Gestão, Recursos Humanos, Institucional e Compliance).

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