Para aliado, saída de Parente deixa saldo integral da crise com governo

Mudança na política de preços da Petrobras não é consenso entre parlamentares da base aliada

O ex-presidente da Petrobras Pedro Parente fala com a imprensa após reunião com o presidente Temer, no Palácio do Planalto
O ex-presidente da Petrobras Pedro Parente fala com a imprensa após reunião com o presidente Temer, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress,
 
Daniel Carvalho
Brasília

Diante da saída de Pedro Parente do comando da Petrobras, aliados do presidente Michel Temer fizeram um mea culpa, reconhecendo que o governo errou na política de preços adotada no ano passado, e disseram que o episódio desta sexta-feira (1º) faz o saldo da crise dos combustíveis recair integralmente sobre o Palácio do Planalto.

Correligionários de Temer, que já vinham pedindo a cabeça de Parente desde o dia 21 de maio, quando começou a paralisação de 11 dias dos caminhoneiros em todo o país, reclamaram por, nas palavras de um deles, ter feito papel de trouxa e se desgastado à toa, já que, com a saída do presidente da Petrobras, vai crescer a pressão por uma mudança na política de preços dos combustíveis.

"Eu avisei antes a todos da bancada. Agora, ele sai por cima e será presidente da BRF, deixando no colo do governo o saldo integral da crise", disse o deputado Newton Cardoso Junior (MDB-MG) no grupo de WhatsApp da bancada do partido de Temer.

Procurado, Cardoso Junior não se manifestou.

Um auxiliar do presidente disse que o governo errou ao não ter percebido antes que a política de preços da Petrobras era insustentável. Reclamou que Pedro Parente pensava a Petrobras como dirigente de uma empresa privada, deixando de lado o aspecto público da companhia de petróleo brasileira.

A defesa da mudança na política de preços não é um consenso no Congresso. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse à Folha não defender alteração, mas insistiu na tese de que é preciso uma compensação para a oscilação do preço do petróleo.

"O governo deveria ter uma política de redução de impostos quando o preço do petróleo sobe", afirmou Maia.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.