A perda de ritmo da recuperação, a estagnação da confiança de empresas e consumidores na economia e a paralisação dos caminhoneiros levaram o Banco Central a cortar sua projeção para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano em um ponto percentual, para 1,6%.
A previsão anterior, divulgada em março, era de 2,6%.
O desempenho de indústria, comércio e serviços e consumo foram revisados para baixo.
"A revisão está associada ao arrefecimento da atividade no início do ano, a acomodação dos indicadores de confiança de empresas e consumidores e a perspectiva de impactos diretos e indiretos da paralisação no setor de transporte de cargas ocorrida no final de maio", afirmou a autoridade monetária.
A nova expectativa foi divulgada no Relatório Trimestral de Inflação, publicado nesta quinta-feira (28).
A projeção divulgada nesta quinta está mais alinhada com as projeções dos analistas ouvidos no boletim Focus, de uma expansão de 1,5% na atividade econômica de 2018.
"Uma parte [da queda na projeção] tem a ver com o primeiro trimestre, que veio aquém do esperado. Outra parte tem a ver com uma revisão no ritmo de recuperação. A economia segue se recuperando, mas em um ritmo mais gradual do que o que vinha ocorrendo", disse Carlos Viana, diretor de Política Econômica do BC.
O desempenho da indústria, segundo a nova projeção do BC, foi revisado de 3,1%, em março, para 1,6%. A indústria de transformação, na avaliação da autoridade monetária, crescerá somente 2,4% em 2018 (ante projeção anterior de 4%), e a construção civil encolherá 0,7% (ante um crescimento anterior de 0,7%).
Comércio e serviços devem crescer 1,3%, segundo o BC (a projeção anterior previa uma alta de 2,4%).
O consumo das famílias foi revisado para uma alta de 2,1%, ante um crescimento anterior previsto de 3%. "[A nova projeção] é compatível com uma recuperação mais lenta da massa salarial, resultado da redução no ritmo de crescimento dos rendimentos e da população ocupada.", disse o BC no relatório.
No caso da agropecuária, o BC revisou para cima suas projeções: em vez de uma queda de 0,3% projetada em março, a autoridade monetária prevê agora uma alta de 1,9%.
"A melhora na projeção se deve a resultado acima do esperado no primeiro trimestre e à sequência de elevações nos prognósticos para a produção agrícola anual", afirmou o BC.
Sobre o movimento dos caminhoneiros, o BC voltou a afirmar que será difícil uma leitura imediata do impacto sobre a economia.
"A paralisação no setor de transporte de cargas no mês de maio dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica. Dados referentes ao mês de abril sugerem atividade mais consistente que nos meses anteriores. Entretanto, indicadores referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação."
CHOQUE EXTERNO
Sobre os impactos do cenário externo menos favorável à países emergentes sobre a economia brasileira, com tendência de alta do dólar, o BC afirmou que o Brasil está hoje mais preparado para absorver choques.
Avaliou, entretanto, que sem reformas, como da Previdência, o país poderá ser afetado em caso de piora desse cenário.
"Persistem riscos associados a uma possível deterioração adicional do cenário para economias emergentes num contexto de frustração das expectativas sobre as reformas e ajustes necessários na economia brasileira."
INFLAÇÃO
O BC ainda aumentou sua projeção para a inflação em relação ao último relatório. Prevê agora uma variação de preços de 4,2% em 2018 e de 4,1% em 2019 (as projeções anteriores eram, nessa ordem, de 3,6% e 4%).
As previsões foram construídas com base em um cenário em que câmbio e juros se mantenham constantes, e já constavam da última ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária).
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