Esferas da Amazon viram ponto turístico em Seattle

'Bolas de Bezos' abrigam 400 espécies de plantas tropicais de todo o mundo

Fernanda Ezabella
Seattle (EUA)

Britadeiras e guindastes fazem o som ao redor do bilionário campus da Amazon, no centro de Seattle.

São três quarteirões de prédios de escritórios, muitos já prontos e com alta circulação de "amazonians", como são chamados seus funcionários.

Mas, no meio de tantos arranha-céus, a gigante da internet plantou três globos de vidro que viraram atração turística da cidade desde sua abertura, em janeiro.

Bastam alguns passos dos canteiros de obras, além da passagem por uma catraca eletrônica, para a barulheira da rua ser substituída pelo murmúrio de uma cascata num paredão de rochas indoor, logo na entrada das "spheres" (esferas).

O ar é bem mais úmido que lá fora, e o cheiro incrivelmente doce.

O espaço levou três anos para ser construído e hoje reúne milhares de plantas de 400 espécies do mundo todo.

Há orquídeas de baunilha, samambaias da Austrália, begônias da Bolívia e até carnívoras da Ásia, sem contar uma árvore de cacau.

É uma estrutura gigantesca para simular uma floresta tropical, fazendo jus ao nome amazônico da empresa e talvez também ao ego de seu fundador, Jeff Bezos, o homem mais rico do planeta.

Não há escritórios nas spheres, mas mesas aleatórias, cadeiras de praia e bancos nos jardins.

A ideia é vir aqui para relaxar, fazer reuniões informais e aderir à prática de "forest bathing", ou banho de floresta, segundo a qual passear na natureza traz benefícios para a saúde.

"Alguns anos atrás, tomamos uma decisão muito consciente de ficar num centro urbano como Seattle. E uma das coisas que faltavam por aqui é vegetação", disse à Folha o porta-voz John Sa, que gosta de trazer seu laptop para trabalhar nas espreguiçadeiras do quarto andar.

"Há muitos estudos que mostram que pessoas tendem a prosperar mais em áreas com plantas, vegetação e espaços naturais. Não sei você, mas eu definitivamente me sinto um pouco mais relaxado aqui."

Passando pela cascata, há um aquário de peixes coloridos que poderiam ser encontrados na Amazônia (mas sem piranhas) e um jardim vertical exuberante que chega até o quarto e último andar.

Há também dois cafés com rosquinhas, bebidas e saladas, mas nada de regalia e até os funcionários precisam pagar.

"Apenas trazer plantas ao escritório não ia dar conta do recado", disse o arquiteto Dale Alberda, um dos diretores do escritório NBBJ, com sede em Seattle.

Ele é famoso pelos projetos audaciosos de várias firmas de tecnologia, como o prédio de 50 andares da Tencent em Shenzhen, na China, e o novo campus do Google no Vale do Silício.

No topo das spheres, após atravessar uma ponte suspensa, fica uma estrutura que lembra um ninho de pássaro, onde meia dúzia de funcionários se reunia numa manhã de segunda-feira.

Fica ao lado da copa da maior árvore da estufa, uma figueira de 16 metros apelidada de Rubi. Plantada em 1969 numa cidade da Califórnia, Rubi foi transportada de caminhão no ano passado e instalada via guindaste por uma abertura especial.

Um time de quatro horticultores lidera os trabalhos para manter o espaço.

Eles contam ainda com a ajuda de uma estufa em Woodinville, a 33 quilômetros de Seattle.

Nenhuma planta foi coletada na natureza e sim em jardins botânicos, universidades e cultivadores particulares.

"O mundo das plantas tem milhões de histórias para contar. O objetivo das spheres é ter gente parando para olhar de perto uma planta e aprendendo algo novo", disse Ron Gagliardo, horticultor sênior da Amazon.

A estrutura de aço foi desenhada para parecer algo contínuo e orgânico, como padrões da natureza.

Ela lembra três globos, mas na verdade é um espaço só, com a parte mais alta batendo quase 30 metros. Seu formato gerou o apelido entre os locais de "as bolas de Bezos".

Saiba mais:

  • A Amazon tem mais de 35 prédios em Seattle e 45 mil funcionários.
  • Bem ao lado das spheres, fica a torre Day 1, sede da empresa e onde Bezos trabalha.
  • Todos "amazonians" podem usufruir da grande estufa e trazer amigos e família.
  • O espaço recebe o público dois fins de semana por mês (agendamento online: seattlespheres.com) e há um pequeno museu gratuito aberto diariamente contando sua história.
Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.