EUA planejam limitar investimento chinês em empresa americana de tecnologia

Restrições devem atingir setores do plano "Feito na China 2025", disse uma autoridade dos EUA

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em coletiva para a imprensa em Washington
Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em coletiva para a imprensa em Washington - Nicholas Kamm/AFP
Washington | agências de notícias

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos está esboçando restrições que impedirão empresas com ao menos 25% de propriedade chinesa de comprarem companhias americanas com "tecnologia industrial significativa", afirmou no domingo uma autoridade dos EUA com conhecimento do assunto.

As restrições de investimentos do Tesouro devem atingir setores importantes, incluindo vários que a China está tentando desenvolver como parte de seu plano industrial "Feito na China 2025", disse a autoridade dos EUA.

Segundo a agência Bloomberg, carros elétricos, robótica e aeronáutica estariam na mira.

A autoridade, cujas declarações confirmam uma reportagem do The Wall Street Journal (WSJ), enfatiza que o limite de propriedade chinesa pode mudar antes que as restrições sejam anunciadas na sexta-feira (29), quando será apresentado um relatório do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, que vai assessorar sua implementação por um painel intergovernamental dividido em dois comitês sobre investimento estrangeiro nos Estados Unidos. Um deles seria dedicado exclusivamente aos investimentos chineses. 

Mnuchin estaria trabalhando no plano desde dezembro. De acordo com fontes da Bloomberg, Mnuchin tinha estudado opções menos conflituosas, mas vários membros do governo e o presidente Donald Trump acabaram convencendo-o a recorrer a ferramentas mais ofensivas.

O WSJ também informou que o Departamento do Comércio e o Conselho de Segurança Nacional dos EUA estão propondo controles de exportação "aprimorados" para impedir que tais tecnologias sejam enviadas à China.

A medida marca novo agravamento no conflito comercial entre o presidente americano, Donald Trump, e a China, o que ameaça afetar os mercados financeiras e o crescimento global.

Tarifas sobre US$ 34 bilhões em bens chineses, as primeiras sobre um total potencial de US$ 450 bilhões (R$ 1,7 trilhão), devem entrar em vigor em 6 de julho devido a reclamações dos EUA de que a China está se apropriando de forma indevida de tecnologia dos EUA através de regras de joint ventures e outras políticas.

Trump quer reduzir o déficit comercial com a China —atualmente em cerca de US$ 375 bilhões (R$ 1,4 trilhão). 

Porta-vozes do Tesouro, Departamento do Comércio e da Casa Branca não responderam imediatamente a pedidos de comentários da Reuters.

Alguns altos funcionários americanos temem, contudo, que declarar estado de emergência econômica fará o mercado de ações cair, ou pode afetar empresas americanas estabelecidas na China. 

A China disse que monitora as informações divulgadas e pediu nesta segunda a Washington que "olhe objetivamente as atividades comerciais das empresas chinesas" e "busque um ambiente justo, favorável e previsível para seus investimentos".

"Encorajamos as empresas chinesas a seguirem as máximas do mercado e as regras internacionais e a respeitar as leis e regulamentações locais" em suas atividades no exterior, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores.

Os investimentos chineses nos Estados Unidos "criaram muitos empregos no local e geraram receitas fiscais", além de as empresas dos Estados Unidos terem aberto "novos canais para fazer negócios internacionais", insistiu o porta-voz em entrevista coletiva.

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