Europa aprova tarifas contra EUA em produtos como uísque, jeans e motos

UE resposta às sobretaxas aplicadas pelos Estados Unidos contra o aço e o alumínio importados

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Washington

O mundo ficou mais próximo de uma guerra comercial: os países da União Europeia aprovaram nesta quinta-feira (14) a lista de produtos americanos que sofrerão nova tarifação em resposta às sobretaxas aplicadas pelos Estados Unidos contra o aço e o alumínio importados.

Artigos como uísque, jeans, motos Harley Davidson e suco de laranja estão entre os itens a serem taxados pelos europeus, com alíquotas de até 25%.

Os 28 países aprovaram a medida “por unanimidade”, de acordo com a agência AFP.

Para entrarem em vigor, as alíquotas ainda precisam ser adotadas oficialmente pela Comissão Europeia, que se reúne na semana que vem, dia 20.

A previsão é que elas passem a valer no fim de junho ou início de julho.

A decisão engrossa o protesto contra a recente política comercial do norte-americano Donald Trump, que foi chamada de “puro protecionismo” por representantes europeus e “um insulto” pelo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.

As tarifas europeias irão se somar às já anunciadas retaliações do México e do Canadá. No total, elas atingem cerca de US$ 48 bilhões em produtos americanos, segundo estimativa do economista Chad Bown, do Peterson Institute –o que equivale a aproximadamente 3% das exportações do país no ano passado.

O imbróglio teve início em março, quando o governo Trump decidiu impor alíquotas de 25% e 10% sobre o aço e o alumínio importados da União Europeia, Canadá, México, Japão e outros países como uma medida de segurança nacional, a fim de proteger a indústria siderúrgica americana.

O republicano tem se queixado de que os EUA acumulam déficits comerciais com a maior parte dos países, e que é preciso revertê-los para proteger empregos e indústrias locais.

Países de todo o mundo (inclusive o Brasil, incluído na lista inicial) reagiram às tarifas, questionando os fundamentos da decisão e acusando desrespeito às regras de comércio estabelecidas no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio). 

Os EUA abriram negociações e fizeram acordos de cotas com parte dos exportadores, como o Brasil, mas não chegaram a bons termos com a Europa, Canadá e México –para os quais as tarifas começaram a valer no início de junho.

Há o temor de que esse tiroteio desencadeie uma guerra comercial global, que pode impactos os preços e o crescimento da economia pelo mundo.

“Ações unilaterais de comércio podem se mostrar contraproducentes”, afirmou nesta quinta a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Christine Lagarde. “O mais crítico agora é o impacto na confiança e na incerteza de investidores e consumidores. Uma redução no comércio internacional não é boa para o crescimento.”

Em um relatório divulgado nesta quinta, o FMI urgiu os Estados Unidos a trabalharem de forma construtiva com parceiros comerciais, e disse que a redução de déficits não pode ser “um alvo” a ser perseguido quando se trata de comércio internacional.

A Casa Branca ainda não havia se manifestado sobre as tarifas anunciadas pela Europa até o início desta tarde. 

O presidente Donald Trump já afirmou não temer retaliações. “Para um país que acumula déficits comerciais bilionários, não há como perder”, disse na semana passada.

Com AFP
 

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