Grécia vira a página da crise após acordo com zona euro sobre dívida

Acordo inclui última reestruturação da dívida grega; país ainda depende da UE

Atenas | agências de notícias

Oito anos e três programas de ajuda financeira depois –por parte dos europeus e do FMI (Fundo Monetário Internacional)– a Grécia pode finalmente respirar aliviada.

Os ministros das Finanças da zona do euro, reunidos em Luxemburgo na quinta-feira (21) com a chefe do FMI, Christine Lagarde, afirmaram que vão acabar com a tutela imposta ao país. Uma decisão baseada no crescimento da economia grega, ainda que a nação continue no vermelho em várias áreas.

“A crise grega termina aqui, nesta noite. É um momento histórico”, comemorou o comissário europeu de Assuntos Econômicos Monetários, Pierre Moscovici.

Durante reunião do Parlamento Europeu e quase seis horas de discussões sobre a Grécia, os ministros das Finanças da zona euro conseguiram entrar em um acordo sobre como aliviar a dívida grega (cerca de 180% do PIB), de olho em seu retorno para os mercados. Anunciaram a transferência de € 15 bilhões à Grécia, marcando o fim de uma longa série de empréstimos que começou em 2010.

A Grécia recebeu no total € 273 bilhões da União Europeia e do FMI. No dia 20 de agosto, o país sairá oficialmente da tutela financeira ligada aos programas de auxílio, após ter conduzido uma série de reformas nos impostos, na aposentadoria e no salário dos funcionários públicos.

"A Grécia virou a página, e sua dívida agora é viável", afirmou o porta-voz Dimitris Tzanakopoulos. "Acredito que o povo grego possa sorrir, possa respirar de novo", completou. "É uma decisão histórica", disse Tzanakopoulos à televisão estatal TV ERT. 

Em 2010, a Grécia, que esteve perto de sair do euro cinco anos depois, não pôde continuar buscando recursos nos mercados internacionais e teve de recorrer ao financiamento de seus sócios europeus e do FMI (Fundo Monetário Internacional), em troca de um duro plano de austeridade.

A crise financeira mundial de 2008 se transformou em uma crise da dívida no bloco europeu, que afetou especialmente os países do sul da Europa, como Grécia, Chipre, Espanha, ou Portugal. Suas consequências são sentidas até hoje.

De acordo com uma pesquisa feita pelo instituto Nielsen, 75% dos habitantes não acreditam que o país poderá sair da crise econômica nos próximos doze meses. Enquanto isso, sete a cada dez gregos continuam a fazer economias nas áreas do lazer e da indumentária. O país tem quase 1 milhão de desempregados –43% dos jovens– para uma população de 11 milhões.

Diante do nível astronômico da dívida pública, a Grécia também se beneficiará de medidas para reduzir o peso dos empréstimos e de prorrogações das datas dos pagamentos. Sob pressão da Alemanha, entretanto, o país deverá concluir todas as reformas prometidas para ter acesso a esse “relaxamento” no pagamento das contas.

Os credores europeus da Grécia concordaram em reestruturar a elevada dívida do país e sua saída de uma odisseia de quase uma década de resgates. Continuarão atentos, porém, para vigiar o cumprimento dos compromissos. ​

A saída da tutela garantirá à Grécia uma vigilância extrema até 2022, nunca vista antes na Europa. “Esse quadro de vigilância pós-programa é necessário, mas não se trata de uma ‘tutela disfarçada’”, insiste Moscovici. “Quero homenagear o povo grego por sua resiliência. Seus esforços não foram em vão”, tuitou o presidente da Comissão europeia, Jean-Claude Juncker.

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