Sob impacto dos caminhoneiros, inflação dobra em maio

IPCA ficou em 0,40%, acima do esperado por analistas

Nicola Pamplona
Rio de Janeiro

Aumentos nos preços da gasolina e da energia elétrica pressionaram a inflação de maio, que ficou em 0,40%, acima dos 0,22% do mês anterior, informou nesta sexta (8) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

De acordo com o IBGE, já foi possível sentir em alguns produtos os efeitos da paralisação dos caminhoneiros, principalmente no caso dos alimentos, cujos preços dispararam no fim do mês. Em maio, o preço da batata subiu 17,51%, hortaliças tiveram alta de 4,15% e leite, de 2,65%. 

Assim, o preço dos alimentos teve alta de 0,32% no mês, ante queda de 0,35% em maio de 2017. Segundo o economista do IBGE Fernando Gonçalves, parte desta alta é reflexo dos aumentos de preços durante a paralisação.

 

Ele disse que, como a paralisação ocorreu na última semana do mês, o impacto deve se estender para o índice de junho. Os dados do IPCA são coletados até o dia 29 de cada mês. 

Principais fatores de pressão, gasolina e energia elétrica responderam por 67% da inflação no mês.  

A gasolina, além dos reajustes da Petrobras, que somaram 8% no mês, também pode refletir efeitos da paralisação dos caminhoneiros, diz Gonçalves, que elevou os preços nas bombas no fim do mês. Em maio, o preço da gasolina subiu 3,34%.

O preço da energia elétrica subiu 3,53% no mês, com reajustes de tarifas em alguns estados e mudança da bandeira tarifária para pagar o custo de térmicas.

No acumulado do ano, a inflação soma 1,33%, o menor índice desde o Plano Real. Em 12 meses, a inflação acumulada é de 2,86%, com forte impacto da gasolina, que subiu 21,48% no período e contribuiu com 0,81 ponto percentual no índice. 

Já os serviços tiveram deflação de 0,09%, a maior desde o início da série, em 2012. A última vez que o setor apresentou deflação foi em julho de 2014 (0,06%). A queda dos preços foi puxada pelas passagens aéreas (queda de 14,71% no mês), mas também foi impactada pela crise.

"O desemprego continua em níveis altos e as famílias ainda têm um certo receio de consumo", disse o economista do IBGE.

Apesar da alta em maio, a inflação oficial permanece abaixo da meta estabelecida pelo Banco Central, que é de 4,5% no ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Em 2017, o IPCA foi de 2,97% e ficou abaixo do piso da meta pela primeira vez na história, o que gerou a necessidade de justificativa pelo Banco Central. Em carta ao Ministério da Fazenda, o BC disse que a meta não foi cumprida por causa da queda dos preços dos alimentos.

O último relatório Focus, do Banco Central, mostra que o mercado espera que o IPCA feche o ano em 3,65%, alta de 0,05 ponto percentual em relação à projeção da semana anterior. 

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