Italiana Enel investe em tecnologia e energia renovável

Empresa fechou compra da Eletropaulo nesta segunda-feira (4) por R$ 5,5 bilhões

São Paulo

Citada pelo governo como um dos modelos para a privatização da Eletrobras, a italiana Enel é reconhecida pela posição agressiva de expansão internacional (como na disputa pela Eletropaulo), além do pioneirismo na adoção de novas tecnologias para modernização de redes de distribuição de energia.

A companhia atua em 35 países em cinco continentes e faturou, em 2017, €R$ 74,5 bilhões, o equivalente a R$ 326,3 bilhões, na cotação desta segunda-feira (4).

No Brasil, além da distribuição de energia, tem apresentado grande apetite por projetos de energias renováveis e atua ainda na transmissão.

Logo da empresa italiana Enel - Reuters

Até 1999, a companhia era controlada pelo governo italiano, que decidiu pulverizar o controle durante o processo de liberalização do mercado local de energia.

Hoje, o governo da Itália tem 23,6% do capital, e o segundo maior acionista, a gestora de fundos The Vanguard Group, tem 1,97%.

A Enel foi citada por autoridades brasileiras quando o processo de privatização da Eletrobras foi lançado: a ideia é também reduzir a fatia estatal a menos de 50% e manter um grupo diverso de acionistas minoritários.

O mercado, porém, não acredita mais que a operação seja realizada antes do fim do governo Michel Temer, diante das dificuldades de tramitação da matéria em um ano eleitoral.

Em 2000, a Enel iniciou um processo de internacionalização, que culminou com a compra do controle da espanhola Endesa, em 2009, com seus ativos na América Latina, incluindo a posição nas distribuidoras brasileiras Ampla (hoje Enel Rio) e Coelce (Enel Ceará).

Há quatro anos, em meio à crise econômica europeia, decidiu virar o foco de seu planejamento estratégico para países emergentes, notadamente na América Latina, e investimentos em energias renováveis, como solar e eólica.

Nos eventos anuais de atualização da estratégia, o interesse pelo mercado brasileiro de energia é sempre reforçado pela cúpula da companhia. Em 2017, no primeiro leilão de privatização de Temer, a Enel adquiriu a Celg, hoje Enel Goiás, por R$ 2,2 bilhões.

A companhia se orgulha do viés tecnológico de seus investimentos: costuma lembrar que a Itália foi o primeiro país a digitalizar totalmente sua rede de distribuição de energia elétrica.

É também a companhia europeia com maior capacidade de geração de renováveis, por meio da subsidiária Enel Green Power, que tem capacidade instalada de 41 gigawatts (GW) --o equivalente a cerca de 25% da capacidade brasileira de geração de energia.

Para analistas, a aquisição da Eletropaulo reforça a estratégia de internacionalização e o apetite por investimentos de longo prazo no Brasil.

Para a agência de classificação de risco Fitch, com a operação, o grupo "se beneficiará da maior escala e diversificação de negócios".

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