O CMN (Conselho Monetário Nacional) decidiu nesta terça-feira (26) que a meta de inflação para 2021 será de 3,75%, confirmando a tendência de redução gradual, ao longo dos próximos anos, para o objetivo fixado pelo conselho para a variação de preços.
No ano passado, o conselho estabeleceu que a meta, que desde 2005 estava em 4,5%, seria de 4,25% em 2019 e de 4% em 2020. Ou seja, o objetivo fixado para 2021 representa uma redução adicional.
Na ocasião, a equipe econômica havia falado em "convergência para os padrões internacionais", ou seja, uma média de 3%, no caso dos países emergentes.
Na decisão desta terça, a banda, ou intervalo de tolerância, também foi mantida em 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
"Isso é fruto da maturidade do sistema de meta, que permitiu que pudéssemos dar esse passo", afirmou a secretária executiva do Ministério da Fazenda, Ana Paula Vescovi.
Ela lembrou que, no passado, se decidiu que a meta seja fixada com antecedência de três anos.
"Com essa meta hoje definida, o Brasil se aproxima cada vez mais de níveis de inflação de seus pares que também adotam regime de metas de inflação", declarou.
Entre os benefícios de uma meta menor, a secretária citou a maior previsibilidade de preços para o mercado e para a população.
"Essa mudança traça um horizonte mais longo, traz maior previsibilidade para os agentes e para a população. Permite que a população possa conviver com um bem, que é um nível de inflação mais baixo", afirmou.
Questionada sobre críticas de que o elevado deficit fiscal brasileiro pede um objetivo mais folgado para a variação de preços, Vescovi afirmou que a atuação recente do Banco Central, que reduziu juros mesmo em um momento delicado para as contas públicas, é a prova que é possível conciliar os dois cenários.
"A atuação da política monetária foi emblemática, no sentido de que é possível conviver com uma trajetória de deficits fiscais elevados com um processo de desinflação", disse Vescovi. "Temos uma autoridade monetária que convive com autonomia operacional", completou.
A secretária disse ainda que a equipe econômcia "tem certeza" do processo de continuidade das reformas, como a mudança nas aposentadorias.
Sobre o risco de um eventual aquecimento maior da economia nos próximos anos voltar a pressionar os preços, o diretor de Política Econômicao do Banco Central, Carlos Viana, afirmou que a relação entre atividade econômica e inflação não é tão direta.
"Convivemos algum tempo com a economia bastante fraca, com um nível de inflação bastante alto", afirmou. "Esse é um falso dilema, querer ter mais inflação pra crescer mais. Isso está claro do ponto de vista de estudos e da experiência", disse.
19 ANOS DE META
Em nota divulgada pelo Ministério da Fazenda, a equipe econômica afirmou que o regime de metas de inflação, criado há 19 anos, está maduro o suficiente para permitir a redução.
"A percepção de que a economia brasileira pode conviver com taxas de inflação mais baixas de forma sustentável se manifesta nas expectativas dos analistas de mercado, coletadas pela pesquisa Focus, conduzida pelo Banco Central", afirmou o Ministério da Fazenda em nota divulgada após a decisão.
A pasta citou que a mediana das expectativas do mercado para 2019 e 2020 são de 4,25% e 4%, respectivamente.
Ainda de acordo com o texto, a perspectiva da inflação se beneficiou das mudanças na política econômica e adoção de reformas e ajustes na economia.
"A decisão representa mais um passo para a obtenção, de forma sustentável, de taxas de inflação mais baixas na economia brasileira", disse a pasta na nota. "O regime de metas ganhou maturidade que permite avançar na obtenção de taxas de inflação mais baixas de forma sustentável. A adoção de uma abordagem gradual, combinada com a presença de expectativas de inflação ancoradas, fazem com que esse processo ocorra de forma suave e sustentada."
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