Era uma coisa impensável. Agora, se repete em toda parte, com estridência. A qualquer pretexto, surgem manifestantes em favor de uma intervenção militar.
Quantos são? Quem são? De onde vêm? Não há sinal de que respondam a algum comando organizado. De forma difusa, mas estridente, manifestações até há pouco impensáveis se repetem pelo país.
Num país em que falar mal de políticos é um passatempo unânime, há mesmo certa lógica na imbecilidade desses manifestantes: sem políticos, sobram os militares.
Sobram, também, ignorância, desespero, oportunismo, histeria, truculência e estupidez. Veja-se o apoio de golpistas à greve dos caminhoneiros. A mais superficial memória do regime imposto em 1964 faria notar que, naquele tempo de intolerância, movimentos de reivindicação --mesmo os mais razoáveis eram sumariamente proibidos.
A argumentação parece valer pouco, em todo caso, diante de quem só vê no vandalismo, na pedrada, no assassinato e na milícia os meios para realizar aspirações contraditórias, infantis e irrealistas.
O governo Temer conta com quase nulo apoio popular. Substituí-lo pela intervenção armada é trocar o ruim pelo péssimo ""o péssimo pelo infame, o infame pelo inominável.
O tempo do terror, da censura e da inconstitucionalidade terminou. A minoria dos que o desejam de volta merece a repulsa de todos os setores democráticos da sociedade. É hora de dar um basta nisso.
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