Odebrecht negocia venda da Braskem para holandesa LyondellBasell

Grupo brasileiro quer manter participação na petroquímica; anúncio da transação foi bem recebido por mercado e ações têm alta

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Fachada da sede da Odebrecht na zona oeste de São Paulo
Fachada da sede da Odebrecht na zona oeste de São Paulo - Eduardo Anizelli/Folhapress
São Paulo | Reuters

A Odebrecht entrou em negociações exclusivas para a venda de sua participação na petroquímica Braskem para a holandesa LyondellBasell. A transação foi comunicada ao mercado pelas empresas nesta sexta-feira (15).

A Braskem reúne dois sócios. A Odebrecht tem 38,3% da companhia, ou 50,1% do capital com direito a voto, enquanto a Petrobras tem uma participação total de 36,1%, ou 47% das ações com direito a voto, segundo informações do site da companhia.

As empresas comunicaram oficialmente que as negociações estão em estágio preliminar e que foi concedida exclusividade à LyondellBasell. A chamada due diligence (análise de informações de companhias em processo de fusão e aquisição) terá início nos próximos dias. A expectativa é que a negociação seja concluída até o terceiro trimestre do ano.

Segundo fontes próximas ao negócio, o modelo de estruturação da empresa que irá surgir ainda está em discussão, mas a Odebrecht trabalha para manter uma participação no negócio e permanecer no setor petroquímico. Dentro da Odebrecht, as tratativas com a holandesa foram vistas como um avanço dentro do plano de recuperação do grupo.

As ações da Braskem registraram forte alta após a divulgação das tratativas. Subiram 21,4% no dia, fechando em R$ 49,92.

A oferta da LyondellBasell pela Braskem inclui dinheiro e ações. Antes de ser concluída, a transação precisa de ser avaliada por credores.

No fim de maio, a Odebrecht deu toda sua fatia na Braskem como garantia para fechar acordo com bancos e receber um novo empréstimo de R$ 2,6 bilhões, o que proporcionou algum fôlego financeiro ao grupo de engenharia que está no centro do escândalo de corrupção deflagrado pela Operação Lava Jato.

O acordo de financiamento envolveu os bancos Itaú Unibanco e Bradesco, em um acerto que contou com concordância de Banco do Brasil, Santander Brasil e BNDES sobre garantias de ações da Braskem, em créditos anteriores.

Caso a transação seja concretizada, serão garantidas aos demais acionistas da Braskem as mesmas condições obtidas pela Odebrecht.

Na avaliação do mercado, as empresas são complementares, tanto no que se refere à especificidade de produtos quanto na posição geográfica.

Com forte presença nos Estados Unidos e na Europa, a LyondellBasell não tem operação relevante na América Latina. No Brasil, possui apenas uma fábrica, em Pindamonhangaba (SP), aberta em 2006. A empresa opera em 17 países e tem 55 unidades.

Já a Braskem, além do Brasil, tem instalações produtivas no México, na Alemanha e nos Estados Unidos, onde é a maior produtora de polipropileno (PP), um tipo de plástico usado em uma ampla variedade de produtos.

Para o Credit Suisse, a notícia é positiva para a Petrobras, uma vez que pode facilitar o desinvestimento da estatal na petroquímica. A estatal já manifestou a intenção de vender a sua parte.

A indústria química passa por consolidações. Em maio, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a fusão dos grupos químicos Dow Chemical e DuPont, em um negócio de US$ 130 bilhões (R$ 485 bilhões), condicionando o aval da operação no Brasil à venda de uma série de ativos.

Em fevereiro, a LyondellBasell anunciou a compra da rival americana A. Schulman por US$ 2,25 bilhões (R$ 8,4 bilhões), dobrando o tamanho dos negócios de plástico para embalagens, produtos eletrônicos e construção.

 

RAIO-X BRASKEM

Braço petroquímico da Odebrecht, em sociedade com a Petrobras

Número de funcionários: 8.000

Fábricas: 40 (29 no Brasil)

Lucro líquido em 2017: R$ 4 bilhões

Principais concorrentes: Bayer, Basf, DowDuPont

RAIO-X LYONDELLBASELL

Multinacional do setor petroquímico com sede na Holanda

Número de funcionários:13 mil

Fábricas: 55 em 17 países

Lucro líquido em 2017: US$ 1,1 bilhão (R$ 4,1 bilhões)

Principais concorrentes: Total, Sinopec, Sabic, DowDuPont

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