Produtores rurais obtêm decisão judicial para não aplicar tabela de fretes

Decisão, de caráter emergencial, foi dada pela Justiça de São Paulo nesta quinta

Colheita da soja na fazenda Lagoa Santa em Guaíra, SP - Ricardo Benichio/Folhapress
Natália Portinari
São Paulo

A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) conseguiu uma decisão liminar (provisória) para que a tabela de fretes da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) não seja aplicada nos contratos de transporte rodoviário.

A determinação foi dada pela Justiça Federal de São Paulo nesta quinta-feira (14). Segundo o juiz Marcelo Guerra Martins, o tabelamento de preços é "medida drástica", porque "retira totalmente a liberdade negocial das partes". 

Os associados da Abag —produtores de soja, cacau, óleo de palma, insumos agrícolas, grãos, fertilizantes e café— estão liberados, portanto, para continuar transportando seus produtos sem aplicar os novos preços.

"Conforme exemplos históricos infelizmente já vivenciados, geralmente esse tipo de intervenção é inócuo, causa incerteza, insegurança e escassez de produtos, em franco prejuízo dos consumidores", diz a decisão.

O juiz afirma que a Medida Provisória 832, que permitiu o tabelamento de preços, fere a Constituição. "A intervenção é excessiva, não razoável e desproporcional, não se coadunando (...) com os princípios da livre iniciativa e da livre concorrência".

É a segunda decisão do tipo no país. A primeira, na semana passada, foi dada em benefício de duas empresas do Rio Grande do Norte, L. Praxedes Gomes e Maresal Sociedade Salineira, do ramo da comercialização de sal.

"A decisão é muito boa. Aborda as questões de inconstitucionalidade, e o juiz elaborou o ponto de vista econômico, que é a grande discussão do tema. O reflexo no valor do frete impacta todos os produtos", diz Marcelo Inglez de Souza, sócio do Demarest, que atuou no processo representando a Abag.

Na tarde desta quinta-feira, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que o governo vai defender a tabela de frete das mais de 40 ações judiciais que já existem contra ela. Duas delas tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).

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