Tesouro afirma que não precisa vender título a juros tão altos

Órgão diz poder financiar 9 meses de dívida pública; leilões tradicionais estão cancelados

Maeli Prado
Brasília

O Tesouro anunciou nesta sexta-feira (8) que poderá estender os leilões diários de recompra de títulos públicos de longo prazo para além de junho, se julgar necessário. 

Informou ainda que os leilões tradicionais de títulos que ocorreriam na semana que vem estão cancelados.

"Temos um colchão de liquidez de R$ 575 milhões. Podemos nos dar ao luxo de cancelar leilões de títulos públicos até que as condições melhorem", afirmou o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, se referindo ao valor que o Tesouro reserva para o pagamento da dívida pública.

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Mansueto de Almeida, secretário do tesouro - Alan Marques - 18.out.2017/Folhapress

Desde o primeiro leilão de recompra, que ocorreu no dia 28 de maio, o total de compras de títulos de longo prazo pré fixados foi de R$ 4,3 bilhões, para R$ 183 milhões de venda. 

Até agora o Tesouro realizou nove leilões de recompra. Nos últimos dois leilões, também realizou venda de títulos longos pré fixados, para determinar um preço para o mercado.

"Além dos R$ 575 milhões do colchão de liquidez, temos outros R$ 100 bilhões a receber do BNDES", afirmou José Franco Morais, subsecretário de Dívida Pública. "Dá para oito, nove meses. É claro que é impensável pensar um cenário em que o Tesouro não faça mais emissão de títulos".

A estratégia é tirar pressão e reduzir os juros futuros, que estão subindo. O Tesouro Nacional voltou a suspender as negociações dos títulos públicos devido à alta volatilidade nesta amanhã. 

"Não faz sentido uma taxa de juros futura tão alta para títulos de longo prazo pré fixados em um país que tem uma situação fiscal sob controle", afirmou Almeida. "Já comparações com a volatilidade de 2002. Não é verdade. 

O Brasil de hoje é muito diferente em termos de inflação, juros e financiamento da dívida pública", afirmou Almeida. 

Nesta quinta (7), o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que a autoridade monetária usará todos os recursos disponíveis caso a volatilidade cambial se agrave e afastou a possibilidade de reunião extraordinária do Copom (Comitê de Política Monetária) para mudar a taxa de juros.

De acordo com Goldfajn, até o final da semana que vem serão ofertados US$ 20 bilhões em contratos de swap, operação que equivale à venda de dólares no mercado futuro, para tentar conter a valorização da moeda americana.

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