Turbulência na Bolsa abre janela para investidor ganhar mais com renda fixa

Produtos como CDBs, LCIs e LCAs estão com remuneração mais altas

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São Paulo e Nova York

A recente turbulência no mercado financeiro abriu uma janela de oportunidade para investidores de renda fixa. Produtos como CDBs, LCIs e LCAs estão com remuneração mais atrativa para quem estiver disposto a investir com prazos mais longos, pelo menos dois anos.

"O CDB do mesmo banco, que há um mês tinha remuneração de 12% ao ano, hoje está em 14% a 15% ao ano", diz Fabio Macedo, gerente comercial da Easynvest.

Reuters

Corretoras voltaram a oferecer esses títulos com mais ênfase, acenando ao pequeno investidor com a previsibilidade da renda fixa após as oscilações da Bolsa.

 O movimento é oposto ao que vinha ocorrendo desde o início da queda da Selic, hoje em 6,50%, quando as promoções eram de produtos arriscados.

"Quando as taxas da renda fixa sobem, a estratégia é convidar o investidor a aproveitar", diz Conrado Navarro, especialista em finanças pessoais da Modalmais.

No entanto, é preciso considerar os objetivos do investimento antes de avaliar a remuneração, recomenda Jayme Carvalho, diretor da Planejar (associação de planejadores financeiros). O principal risco é precisar do dinheiro antes do prazo acordado, já que a maioria desses papéis não permite resgate antes do vencimento.

Nesta terça-feira, a Bolsa brasileira voltou a fechar em queda, mas reduziu as perdas de mais de 2% registradas ao longo do dia. O Ibovespa, principal índice da B3, cedeu 0,86%, a 72.122 pontos. No mês, a queda acumulada é de 6%.

Logo após o anúncio do aumento dos juros americanos, o Banco Central anunciou nova intervenção no mercado de câmbio, que foi fundamental para conter a valorização da moeda no país, que poderia ter sen tido mais o impacto após o anúncio do banco central americano.

O aumento nos juros dos Estados Unidos tende a fazer com que investidores tirem recursos de economias emergentes para investir em títulos da dívida americana, mais seguros.

O BC já injetou US$ 13 bilhões dos US$ 20 bilhões anunciados na semana passada para diminuir as oscilações bruscas do dólar, segundo a Reuters.

O dólar comercial avançou 0,10%, e fechou a R$ 3,7150.

"A faixa entre R$ 3,70 e R$ 3,75 parece ser um ponto de equilíbrio que o BC encontrou", disse Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos.

JUROS AMERICANOS

O Fed (Federal Reserve, o banco central americano) elevou a taxa de juros dos Estados Unidos nesta quarta-feira (13) e sinalizou que vê melhora na economia do país para novos aumentos.

Os juros americanos subiram para a faixa entre 1,75% e 2% ao ano, a sétima alta desde o início do ciclo de aperto monetário. E o comunicado do Fed indica que há espaço para mais duas altas neste ano. Até então, apenas uma elevação era dava como certa, na reunião de setembro.

O motivo para a mudança foi a percepção de que a economia americana está mais forte e a inflação se acelera depois de dez anos da crise que levou as taxas de juros a zero.

Em relação ao documento de março, quando o Fed aumentou os juros pela primeira vez no ano, a atividade econômica passou a ser descrita como sólida, em vez de moderada.

A projeção de taxa de desemprego para o final do ano declinou de 3,8% para 3,6%. O Fed também indicou que toleraria uma inflação acima da meta de 2% ao ano por um período tempo.

Análise feita por Bruno Braizinha, da área de alocação global de ativos do banco Société Générale, mostra que o comitê de política monetária do Fed avalia que aumentos graduais na meta das taxas de juros são consistentes com a expansão sustentada da atividade econômica.

"Já começa a haver uma preocupação com a diferença entre a taxa de juros dos títulos de dívida de dois e dez anos no longo prazo. Uma inversão na curva de juros costuma representar recessão nos Estados Unidos", afirma Braizinha.

A leitura dos economistas é que, se o Fed acelerar de forma excessiva a alta nos juros, poderia eventualmente frear o crescimento americano. Ryan Connelly, analista de economia global do Frontier Strategy Group, é um dos que avaliam que esse risco existe.

Apesar de a maioria dos membros do Fed indicar quatro altas neste ano, por exemplo, ele vê apenas um terceiro aumento, em setembro. "Temo que possa haver aumento no preço de ativos que possa desacelerar a economia", diz.

"Se as pessoas acharem que a economia está indo bem, pode levar a taxas de juros mais elevadas, o que pode reduzir a demanda de crédito de empresas e consumidores."

Nenhuma linha do comunicado foi dedicada às recentes turbulências que afetaram emergentes por causa do fortalecimento do dólar.

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