Após post considerado racista sobre jogador, YouTuber Júlio Cocielo perde patrocinadores

Influenciador digital diz que comentário sobre Mbappé dizia respeito à velocidade do atleta

O youtuber Júlio Cocielo
O youtuber Júlio Cocielo, que perdeu patrocinadores após post sobre jogador da seleção francesa - Reprodução Instagram
Filipe Oliveira
São Paulo

Um post considerado racista envolvendo o craque francês Kylian  Mbappé, que é negro, levou grandes marcas a encerrarem contratos de patrocínio com o YouTuber Júlio Cocielo.

Cocielo possui 7,4 milhões de seguidores no Twitter, 11,2 milhões no Instagram e o Canal Canalha, mantido por ele no YouTube, 16,2 milhões. 

A marca de material esportivo Adidas, o banco Itaú e a varejista virtual Submarino confirmaram à Folha ter deixado de patrocinar Cocielo.

“A Adidas é uma marca que repudia todo e qualquer tipo de discriminação. Portanto, decidimos suspender a parceria com o youtuber Júlio Cocielo”, disse a companhia em nota.

A companhia informou que fazia ações ligadas a futebol em parceria com o influenciador. 

A varejista Submarino também disse repudiar veementemente qualquer manifestação racista. 

A marca afirma que contratou uma agência de publicidade para realização de campanha pontual com influenciadores, dentre eles Cocielo, e a campanha já foi retirada do ar.

No Twitter, a empresa colocou mensagem semelhante, adicionando que tomará as providências necessárias.

O banco Itaú, por sua vez, que tinha vídeo em que Cocielo aparecia junto a cerca de 30 influenciadores digitais e celebridades, tirou a campanha do ar após a controvérsia.

"

Repudiamos toda e qualquer forma de discriminação e preconceito. Esperamos que o respeito à diversidade sempre prevaleça", disse a companhia, também em nota.

A polêmica começou quando o influenciador escreveu na rede, em referência ao jogo entre França e Argentina do último sábado (30), da Copa do Mundo, do qual o francês foi destaque: "Mbappé conseguiria fazer uns arrastão top na praia hein? [sic]".

O post irritou internautas, que vasculharam o perfil de Cocielo e encontraram outras postagens ofensivas de anos anteriores. Em mensagens de 2013, por exemplo, ele disse que só seria possível deixar de fazer piadas de negros caso eles fossem exterminados. No mesmo ano, falou que não faria vídeo sobre o Dia da Consciência Negra porque na cela não havia wi-fi.

Cocielo

apagou as mensagens mencionadas e colocou um pedido de desculpas em seu perfil na rede.

Nele, disse que a piada sobre Mbappé se referia a boa velocidade do jogador.

"O tweet foi interpretado de mil formas diferentes e gerou uma grande discussão. Decidi deletar pois nunca fui de entrar em polêmicas, mas já era tarde demais, tinha tomado uma proporção enorme..."

Também disse sentir vergonha dos comentários antigos que foram localizados em seu Twitter.

"Na época esses comentários infelizes tinham uma interpretação totalmente diferente de hoje, um momento delicado. Muitas vezes fui irônico, muitas vezes estava zoando entre amigos, muitas vezes só queria ser o engraçadão, e são coisas que eu nem lembrava ter escrito."

Empresas que contrataram o YouTuber no passado também se manifestaram.

A Coca-Cola disse ter feito ações pontuais com o influenciador durante as Olimpíadas de 2016, mas não trabalha com ele desde aquele ano.

"O respeito à diversidade é um dos principais valores da nossa companhia. Em nossas campanhas, celebramos as diferenças e promovemos a união. Manifestações preconceituosas não são toleradas. Repudiamos qualquer forma de racismo, machismo, misogenia ou homofobia", disse a empresa.
 

A Folha tentou entrar em contato com Cocielo por e-mail, mas não obteve retorno.

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