Brasil tem em junho primeiro corte de vagas formais do ano

Comércio e indústria perderam 41 mil postos de trabalho no mês

Laís Alegretti
Brasília

Pela primeira vez em 2018, as demissões superaram as contratações no mercado de trabalho formal em junho.

O resultado do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) ficou negativo em 661 vagas no mês passado, de acordo com dados divulgados pelo Ministério do Trabalho nesta sexta-feira (20).

Nos meses anteriores, o mercado de trabalho formal já mostrava forte desaceleração, mas ainda tinha um saldo positivo —ou seja, as contratações superavam as demissões. Em maio, o Brasil registrou a criação de 33,7 mil trabalhos com carteira assinada, que tinha sido o menor saldo em 2018.

O saldo de junho teria sido ainda pior sem as vagas intermitentes. O resultado divulgado pelo governo considera um saldo positivo de 2.688 vagas de trabalho nessa modalidade. Sem considerá-los, o saldo fica negativo em mais de 3 mil postos.

A Folha revelou que o governo tem incluído os intermitentes na estatística de emprego mesmo sem saber se de fato trabalharam. Desde novembro, os contratos de intermitentes têm aumentado o resultado geral do Caged.

Essa modalidade, criada pela reforma trabalhista, também é conhecida como zero hora, já que não prevê uma jornada fixa.  A lei trabalhista foi alterada com o argumento de estimular a criação de empregos no país.

O desempenho do Caged foi pior que em junho de 2017, quando o saldo foi positivo, com 9.821 novas contratações.

No mês passado, a indústria de transformação e o comércio foram os setores que mais encerraram vagas. Cada um deles fechou mais de 20 mil postos. A agropecuária, por outro lado, garantiu um saldo positivo de 40.917.

No acumulado no primeiro semestre de 2018, o saldo de criação de emprego está positivo em 392,5 mil vagas. Em 12 meses, o resultado é de uma criação de 280 mil vagas.

No fim de 2017, as estimativas apontavam a criação de cerca de 1 milhão de novos postos com carteiras. Desde março, no entanto, a desaceleração tem sido tão brusca que, mantido o ritmo registrado a partir daquele mês, o mercado de trabalho pode fechar 2018 com um saldo líquido de apenas 220 mil vagas com carteira, segundo levantamento da LCA Consultores feito com exclusividade para a Folha

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