China anuncia medidas de estímulo para fazer frente a guerra comercial

País vai favorecer pequenas empresas e investimentos privados em petróleo e transporte

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Pequim | AFP

A China adotará uma série de medidas de estímulo econômico para fazer frente à guerra comercial declarada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixando de lado sua luta contra o endividamento e os riscos financeiros.

Na semana passada, o governo chinês reconheceu que as tarifas proibitivas impostas pelo presidente americano terão um impacto no crescimento do país asiático, que no último trimestre teve uma desaceleração, e o PIB no período cresceu 6,7%.

Diante dessas incertezas externas, o governo do país se reuniu nesta segunda-feira (23) sob a coordenação do primeiro ministro Li Keqian com o objetivo de adotar uma série de medidas fiscais e financeiras para estimular a demanda interna.

O governo anunciou uma política fiscal mais ativa e disse que vai autorizar mais empresas a deduzirem investimentos em pesquisa e desenvolvimento de seus impostos.

O regime comunista também deve expandir financiamentos de projetos de infraestrutura nas administrações locais, com um total de 1,35 bilhões de yuans (R$ 752 milhões). O país deve ainda intensificar seus esforços para conceder anualmente créditos de 140 bilhões de yuans (R$ 78 bilhões) a 150 mil pequenas empresas.

Investimentos privados nos setores do transporte, telecomunicações, petróleo e gás também devem ser favorecidos. 

A postura foi bem recebida pelo mercado financeiro nesta terça (24), com as bolsas de Hong Kong em alta de 1,44%, Shangai 1,61% e Shenzhen 1,51%. O governo chinês mostrou claramente que está disposto a defender o crescimento do país, analisaram economistas do banco ANZ.

O dilema da China, porém, continua, uma vez que se optar por apoiar o melhor desempenho da economia, o endividamento pode crescer. No sentido oposto, se cuidar das contas, o crescimento pode desacelerar.

Chuva de medidas

Ciente do perigo, o governo chinês afirmou que não haverá um "dilúvio de medidas", como as aplicadas após a crise financeira de 2008, em que a dívida do país cresceu enormemente.

"A política monetária prudente não será muito rigorosa, tampouco complacente", disse o governo nesta segunda. O banco central chinês já diminuiu o nível de suas reservas obrigatórias (depósito compulsório) em três ocasiões este ano.

Além disso, nesta segunda 502 bilhões de yuans (R$ 278 bilhões) foram injetados pelo banco central, sob forma de empréstimos bancários com prazo de um ano. É a maior liquidez criada para este tipo de empréstimo desde que ele foi criado, há quatro anos.

"Pequim faz bem ao descartar um plano de estímulo de grande porte porque só conseguiria financiar isso com uma nova fase de flexibilização monetária e endividamento", apontaram economistas do banco Nomura, em Hong Kong.

Eles também preveem que o crescimento continuará lento devido à queda na demanda externa, onde os Estados Unidos respondem por um quinto das exportações chinesas.

A entrada em vigor, em julho, das tarifas de Washington aos produtos chineses pelo valor de US$ 34 bilhões (R$ 128 bilhões) já está afetando setores como o automotivo, o da informática E o da aeronáutica.

A China respondeu com tarifas do mesmo valor para as importações dos EUA. Por outro lado, Donald Trump ameaçou com novas medidas.

O yuan, que perdeu 8% de seu valor em relação ao dólar desde abril, foi negociado nesta terça-feira (25) a 6,81 por dólar, seu nível mais baixo desde um ano atrás, o que favorece as exportações.
 

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