Cidade paulista espera arrecadar mais após Embraer iniciar vendas de cargueiro

Companhia chega a representar 30% do orçamento municipal de Gavião Peixoto

Marcelo Toledo
Ribeirão Preto (SP)

Cidade do interior paulista que tem a Embraer como principal fonte de recursos para a prefeitura, Gavião Peixoto (a 306 km de São Paulo) aposta na manutenção das atuais condições geradas pela empresa após o acordo com a Boeing e projeta crescimento na arrecadação a partir de 2020.

Segundo o prefeito de Gavião, Gustavo Martins Piccolo (PHS), a perspectiva é que, se houver mudanças a partir do negócio anunciado nesta quinta-feira (5), não sejam significativas para o município.

“A informação que recebi é de que Gavião não entra no acordo [com a Boeing]. A unidade permanecerá como Embraer, por ser mais dedicada a defesa e segurança. Então não devemos ter grandes mudanças, espero”, disse.

A unidade gera cerca de 2.000 empregos diretos e indiretos, para uma cidade de 4.739 habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Só que a maior parte desses empregos é de alta especialização e composto por trabalhadores que moram em cidades vizinhas, como São Carlos, Araraquara e Matão.

A Embraer é tão importante para o município que qualquer oscilação na produção da empresa gera grandes impactos no orçamento da prefeitura.

“Ele depende muito do ISS [Imposto Sobre Serviços] pago pela Embraer. Pode tanto ficar em R$ 24 milhões como chegar a R$ 30 milhões”, disse o prefeito.

Num ano em que a empresa paga muito ISS, a fatia da participação da Embraer chega a representar 30% do orçamento municipal.

A expectativa de Piccolo é que, a partir de 2020/21 a arrecadação melhore, a partir das vendas do KC-390, avião de transporte e reabastecimento aéreo que está sendo construído na cidade.

Em maio, ele sofreu sérios danos em seus três trens de pouso após ter saído da pista durante teste em solo em Gavião Peixoto.

“Hoje, a fabricação dele não gera ICMS [Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços] para o município, só vai gerar depois das vendas. Esperamos que a partir do momento em que isso ocorrer, em 2020/21, o município receba mais impostos, apesar de alguns condicionantes tributários existentes em vendas para outros governos”, disse.

A FAB (Força Aérea Brasileira) investiu cerca de US$ 5 bilhões (R$ 19,65 bilhões) no desenvolvimento do cargueiro, que também é um avião de reabastecimento em voo, comprando 28 unidades da Embraer.

Isso viabilizou o projeto, que já tem potenciais clientes externos, como Portugal e Nova Zelândia, e mira um nicho de 700 ou mais aviões nas próximas duas décadas. O prazo para a chamada capacidade final de operação está mantido para o quarto trimestre deste ano, quando os dois primeiros aviões deverão ser entregues à FAB.

POLO AÉREO

Dos cerca de 2.000 empregos gerados pela Embraer na cidade, menos de 200 são de moradores de Gavião Peixoto.

Há uma política de aumento do quadro em discussão entre a empresa e a prefeitura, para que, neste ano, o total atinja 200 funcionários moradores de Gavião.

O município fica em uma região que tem concentrado empresas ligadas ao setor aéreo.

Em São Carlos (a 232 km de São Paulo) há um aeroporto que foi internacionalizado  para atender ao centro de manutenção de aviões da Latam e um curso de engenharia aeronáutica oferecido pela USP (Universidade de São Paulo). 

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