Quando a ortodontista Marize Porto Costa assumiu a gestão da fazenda pecuarista Santa Brígida, em Ipameri (a 190 km de Goiânia), após a morte do marido, a propriedade de 2.000 hectares estava degradada.
“Não produzia nada e tinha muitas dívidas para pagar. Mal havia pasto e o pouco que havia estava destruído”, relembra Costa. Sem conhecimento na área, ela foi procurar ajuda profissional para tentar reverter a situação.
Bateu na porta da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) de Goiás. Lá, foi apresentada à ILPF (Integração Lavoura, Pecuária e Floresta), estratégia de otimização da produção que integra plantio concomitante de capim e grãos, criação de gado e floresta.
“Um pesquisador resumiu assim: ‘você vai adubar e plantar, só que junto com o capim você vai plantar também algum grão. Depois vai colher, vender o grão e o investimento vai se pagar. No fim do ciclo o pasto vai estar lá, pronto para receber os bois’. E foi o que aconteceu.”
Costa começou a implementar o processo em 2006, com lavoura e pecuária. A floresta veio três anos depois.
À época da implementação da ILPF, a Santa Brígida produzia 2,5 arrobas (37,5 kg) por hectare/ano. Na safra dos doze meses encerrados em julho chegou a 30 arrobas (450 kg) por hectare/ano.
Além da questão econômica, a técnica da ILPF traz vantagem ambiental: capim e árvores armazenam gás carbônico, substância emitida pelos bovinos.
“Um eucalipto pode compensar a emissão de oito Unidades Animais [medida usada por pecuaristas que equivale a 450 kg] por hectare, isso considerando apenas o carbono armazenado no tronco, sem contar o das raízes da árvore”, diz Lourival Vilela, pesquisador da Embrapa que há 30 anos trabalha com a ILPF.
O pecuarista Carlos Viacava adotou em 2013 o sistema nos 450 hectares de sua Fazenda Campina, em Caiuá (SP), antes destinada apenas à pecuária. Na época, conta, a fazenda precisava de um “upgrade”.
Viacava escolheu integrar apenas a lavoura à propriedade, plantando soja e braquiária concomitantemente, sem floresta.
“O melhor resultado até agora foi com o gado. Estamos com umas 1.500 cabeças a mais desde que começamos”, conta o pecuarista.
Segundo ele, o faturamento da propriedade aumentou entre 10 % e 20% após a implementação do ILP.
Em 2013, a pastagem da fazenda suportava meia Unidade Animal (225 kg) por hectare. Dois anos depois, passou para 1,9 (855 kg).
A média nacional atual, de acordo com a Embrapa, é de 0,7 Unidade Animal, ou 315 kg, por hectare.
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