Empresas terão de buscar alternativa a anúncio, diz executivo

Para Tim Mahlman, da Oath, regras de proteção a dados mudam mercado

São Paulo

A nova política para proteção de dados pessoais europeia, conhecida pela sigla GDPR e que entrou em vigor em maio, deverá levar empresas da internet a oferecer opções pagas de seus serviços que garantam menos propaganda e uso de dados pessoais.

A opinião é de Tim Mahlman, presidente de plataformas de anúncios da Oath, empresa resultante da fusão entre as pioneiras da internet Aol e Yahoo!, ambas adquiridas pela companhia de telefonia americana Verizon nos últimos anos.

"Com as novas regras, que devem ter influência além da Europa, muitas companhias irão olhar para serviços baseados em assinatura como uma alternativa à dependência de anúncios", disse o executivo à Folha durante visita ao Brasil.

O maior controle dos consumidores também forçará empresas a dar mais atenção à criatividade na hora de fazer propaganda na internet, para não desagradá-los com ações repetitivas e com pouco efeito, segundo Mahlman.

"Em vez de tentar chegar ao consumidor seis vezes com o mesmo anúncio, por que não chegar a ele uma vez só com mais efetividade, oferecendo uma experiência duradoura e de qualidade?"

retrato do executivo Tim Mahlman, presidente de plataformas de anúncios da Oath
Tim Mahlman, presidente de plataformas de anúncios da Oath, empresa resultante da fusão entre as pioneiras da internet Aol e Yahoo! - Zanone Fraissat/Folhapress

A GDPR obriga as empresas a serem explícitas em relação aos dados que captam, usarem o mínimo de informações necessário e darem a opção de o consumidor deixar de fornecê-los quando quiser. Caso as regras sejam descumpridas, podem ser multadas em 4% de seu faturamento ou € 20 milhões (R$ 90 milhões).

Mahlman diz que as novas regras geram poucas preocupações para a companhia, pois ela já opta por deixar claro aos consumidores como seus dados são usados, para quais motivos e como as informações podem ser gerenciadas em seus serviços.

Desde a fusão das empresas, concretizada no primeiro semestre de 2017, o grupo tem um executivo responsável pelo gerenciamento de dados (chief data officer) e uma equipe de "paranoicos" que trabalha apenas avaliando como os dados são usados.

Mahlman também falou sobre a importância para marcas da qualidade do conteúdo do site ou plataforma em que seus anúncios são colocados, escapando dos que publicam conteúdo de ódio ou notícias falsas.

Ele afirma que, entre seus serviços, a Oath distribui anúncios de clientes para dezenas de milhares de produtores de conteúdo.

Apesar do volume grande de espaços para publicidade gerenciados pela empresa, Mahlman diz ser necessário que cada produtor de conteúdo seja avaliado antes de receber propaganda de seus clientes. Isso é feito tanto a partir de parcerias com startups como também por funcionários da própria Oath, diz.

"Fazemos uma pré-qualificação dos publishers para que mantenham certos padrões de qualidade. Os anunciantes querem estar em lugares em que sabem que haverá jornalismo ético."

A Oath é ela própria dona de marcas de jornalismo, como o portal The Huffington Post e o site especializado em tecnologia TechCrunch.

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