Escassez de gás carbônico faz faltar cerveja na Europa em plena Copa

Mídia britânica relatou problemas na Heineken; Coca-Cola interrompeu linhas de produção

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Está faltando cerveja para comemorar vitórias da Copa do Mundo na Europa, e o motivo é a escassez de gás carbônico.

Pode parecer estranho, já que a fermentação durante a fabricação de cerveja produz CO2 em grande quantidade, mas a indústria europeia compra o gás para manter a pressão em tanques de armazenamento e, em alguns casos, para acertar a concentração na fórmula final.

O CO2 é o mesmo gás que, em excesso na atmosfera, está relacionado ao aquecimento global. O que faz com que sua carência agora seja notícia é que capturá-lo do ar é economicamente inviável, já que a concentração é de  0,035%.

 

Para ser usado na indústria europeia de bebidas e de alimentos, ele é normalmente obtido como um subproduto da fabricação de amônia e etanol.

E é daí que vem a atual crise cervejeira.

No curto prazo, o problema é a entressafra da produção da amônia —insumo de fertilizantes. No verão, as empresas param as linhas para manutenção, reduzindo em consequência a produção de gás carbônico.

No longo prazo, fábricas de amônia europeia têm sucumbido à competição com similares asiáticas e fechado suas portas —e o custo de transportar CO2 da Ásia não compensa.

Com a demanda por cerveja aquecida por causa de um verão quente e da Copa do Mundo, faltou cerveja até para comemorar a vitória da Inglaterra sobre a Colômbia na última terça (3), segundo a mídia britânica.

A Coca-Cola também interrompeu algumas linhas de produção europeias, afirmou a revista especializada Gas World, e a carência de gás paralisou o abate de porcos na Escócia (onde é usado com resfriante) e levou a racionamento de água na Noruega (que usa CO2 nas estações de tratamento).

A mídia britânica também relatou problemas na Heineken e na indústria de pães Warburtons.

Na Europa, esta é a quarta crise no fornecimento do gás nos últimos dez anos, e a mais grave, segundo a Gas World.

Já no Brasil o fenômeno não preocupa, segundo a associação brasileira da indústria cervejeira CervBrasil: não há registro de escassez de CO2 nos seis anos de funcionamento da entidade.

Segundo o engenheiro químico Laert Coqueiro, especialista em produção de cervejas que trabalha há mais de 30 anos no setor, a indústria brasileira tem tecnologia suficiente para capturar o gás carbônico excedente na produção da bebida e usá-lo tanto para reforçar a própria cerveja quanto na fabricação de refrigerantes.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.