Trump anuncia novas tarifas a US$ 200 bilhões em produtos da China

EUA argumenta que está respondendo à retaliação chinesa contra as tarifas americanas de 25%

Washington

Em um novo capítulo da guerra comercial entre Estados Unidos e China, o governo de Donald Trump anunciou na noite desta terça-feira (10) novas tarifas contra US$ 200 bilhões (cerca de R$ 760 bilhões) em produtos chineses.

É a tacada mais forte contra o país asiático até aqui: o montante corresponde a cerca de 40% das vendas chinesas anuais para os EUA.

Na ampla lista de produtos a serem submetidos à nova alíquota, que será de 10%, estão produtos agrícolas, como soja, milho, algodão, peixes e tabaco; minérios, petróleo e gás natural; todo tipo de papel (para bíblias, jornais, cadernos e até papel higiênico); plásticos e componentes químicos; bolsas e malas de viagem, artigos de vime, tecidos e até antiguidades.

Até agora, as tarifas americanas contra os chineses englobavam primariamente produtos de tecnologia, e atingiam US$ 50 bilhões em importações ao país. 

Com a nova medida, a exposição de Pequim às alíquotas quintuplica.

“É uma resposta apropriada”, afirmou o embaixador Robert Lighthizer, representante da autoridade de comércio norte-americana, nesta terça. “Há mais de um ano, nós temos sido muito claros sobre as mudanças que a China deveria tomar. Infelizmente, a China não mudou seu comportamento.”

O governo dos EUA acusa o país asiático de roubo de propriedade intelectual, e argumenta que está respondendo à retaliação chinesa contra as tarifas americanas de 25%, que começaram a valer na semana passada.

Os americanos impuseram as sobretaxas primeiro. Foram atingidos itens como telas do tipo touchscreen, baterias, aeronaves, navios, motores de carros, radares, equipamentos de diagnóstico médico e máquinas agrícolas, entre outros. 

 

Uma investigação do governo dos EUA acusou a China de forçar acordos com empresas de tecnologia americanas que exigiam a transferência de conhecimento para estatais do país, no que seria uma manobra desleal.

Na prática, a iniciativa também faz parte de uma investida dos EUA contra o poderio econômico chinês, que o governo Trump já qualificou como “uma ameaça à influência e aos interesses americanos”.

Já os chineses, que afirmaram não terem outra opção a não ser responderem na mesma toada, afirmam que a administração Trump adota um “comportamento míope”.

Na época, Pequim anunciou, poucas horas depois, tarifas retaliatórias a 659 produtos americanos. A lista chinesa centrou fogo em produtos agrícolas dos EUA, como carne de boi, frango, peru, algodão, soja e outros grãos, além de carros, uísque e tabaco.

“A China não quer uma guerra comercial, mas não temos outra opção a não ser nos opormos fortemente a isso”, informou o ministério do Comércio chinês, no mês passado.

Agora, a expectativa é que a escalada entre os dois países volte a se intensificar –e que uma nova retaliação seja anunciada nas próximas horas pelo governo de Xi Jinping.

As alíquotas propostas pelos americanos nesta terça ainda serão submetidas à consulta pública até o final de agosto, e só passarão a valer depois disso, ou seja, dentro de dois meses, no mínimo.

Washington tenta forçar Pequim a negociar para reduzir o déficit comercial com os EUA –uma obsessão de Trump, que afirma que os chineses têm tirado vantagem do país.

No ano passado, esse déficit, no caso de mercadorias, foi de US$ 505 bilhões (pouco menos de R$ 2 trilhões). O comércio com a China, portanto, representa 60% de todo o déficit comercial dos EUA.
 

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