Justiça ordena que Petrobras retenha pagamentos à SBM, diz empresa holandesa

Companhia é acusada de pagar propina para garantir contratos da Petrobras

São Paulo | Reuters

O grupo holandês de engenharia naval SBM Offshore informou nesta quinta-feira (5) que um tribunal brasileiro ordenou à Petrobras que retenha provisoriamente alguns pagamentos que faria a ela.

A intenção é garantir que a empresa holandesa pague penalidades que venham a receber em um caso de corrupção.

As ações da SBM caíram mais de 8% no início do pregão de Amsterdã, devolvendo ganhos obtidos na quarta-feira, quando anunciou um novo contrato com a petroleira Exxon Mobil.

A SBM, a maior de afretamento de plataformas no mundo e uma das principais fornecedoras da Petrobras, disse que os juízes do Tribunal Federal do Rio de Janeiro pediram à Petrobras e à SBM que enviem mais informações antes de decidirem o valor mensal a ser retido dos pagamentos.

"A empresa discorda fortemente da decisão provisória, está buscando mais esclarecimentos e está tomando todas as medidas apropriadas para defender seus interesses", disse a SBM.

A SBM, que foi acusada de pagar propinas a funcionários do governo para garantir contratos com a Petrobras, disse que não poderia dar garantias de que alcançaria um acordo favorável no Brasil.

Em novembro, dois ex-executivos da SBM se declararam culpados das acusações americanas de que participaram de um esquema para subornar funcionários de três empresas petrolíferas estatais estrangeiras, incluindo a brasileira Petrobras.

A Petrobras tem estado no centro do maior escândalo de corrupção da história do Brasil, em meio a investigações sobre um esquema político de propinas envolvendo empreiteiras.

Em seu relatório anual de 2017, a SBM disse que os desenvolvimentos no Brasil, seu maior mercado único, estavam prejudicando sua capacidade de obter novos negócios. O tamanho de qualquer acordo "não pode ser confirmado, o que significa que há um risco de prolongamento da incapacidade de receber encomendas da Petrobras".

A SBM pagou US$ 240 milhões (cerca de R$ 945 milhões) às autoridades holandesas em 2014 para resolver casos de suborno na Guiné Equatorial, Angola e Brasil.

A ordem judicial brasileira vem apenas dois dias depois que a SBM ganhou um contrato para fornecer uma nova embarcação de produção para a Exxon Mobil na Guiana. Isso provocou o maior ganho em suas ações em quase dois anos.

A empresa registrou uma perda de US$ 203 milhões em 2017, com ganhos operacionais subjacentes de US$ 806 milhões.
  

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