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Meirelles será mais reformista do que Alckmin, diz assessor econômico

José Márcio Camargo defende teto de gastos, questionado pelo PSDB

Bernardo Caram Mariana Carneiro
Brasília

A uma semana da convenção marcada para oficializar Henrique Meirelles (MDB) na disputa pela Presidência, José Márcio Camargo, assessor econômico do ex-ministro da Fazenda, diz que empresários e investidores ainda não estão certos de que ele será candidato.

A dúvida é uma das razões pelas quais o mercado tem mostrado preferência por Geraldo Alckmin (PSDB).

José Marcio Camargo, assessor econômico do pré-candidato à presidência Henrique Meirelles (MDB) - Pedro Ladeira/Folhapress

"No dia em que ficar claro que ele é o candidato e que ele é viável, acho que os investidores e os empresários vão apoiar", disse à Folha.

Professor da PUC-Rio e sócio da gestora de investimentos Opus, Camargo diz que o eventual governo Meirelles será mais reformista do que o de Alckmin e critica presidenciáveis que prometem rever o teto de gastos. A equipe do tucano indicou que pode suspender a norma.

"Curioso, o Persio [Arida, assessor econômico de Alckmin] diz que não dá para cumprir o teto de gastos, mas também diz que vai zerar o déficit em dois anos. Eu não sei como compatibilizar essas duas informações."

 

Continuidade

O governo Meirelles é uma continuação do governo [Michel] Temer. Meirelles mandou para o Congresso uma reforma da Previdência, o relatório é bastante bom.

Então, nesse caso específico, a nossa posição é aprovar o relatório que está lá rapidamente, nos primeiros três meses de governo.

Tentar fazer algumas pequenas mudanças, tornar um pouquinho mais duro.

A transição para a idade mínima de 65 anos [para aposentadoria] foi programada para ser feita em 20 anos. É muito. Por que não dez anos?

Vamos manter o teto de gastos. Nesse sentido, é uma continuação, um aprofundamento das reformas que foram feitas pelo presidente Temer, que foram muitas.

Não estamos pensando em alta de tributo, estamos pensando em reduzir despesas, a começar pela Previdência, depois [reduzir] renúncias fiscais.

O objetivo é fazer uma reforma tributária que simplifique o sistema e o torne mais justo sem aumentar a carga.

Apoio

O dia em que o mercado e o setor produtivo tiverem certeza de que Meirelles é candidato, eles vão endossar.

Existe ainda uma incerteza se o Meirelles vai ou não ser candidato. Uma incerteza desnecessária, porque a informação que temos é que 70% do MDB está com ele.

No dia em que ficar claro que é o candidato e que é viável, o que provavelmente vai demorar um pouco, 15 dias, um mês, acho que os investidores e os empresários vão apoiar Meirelles.

Eu acho uma candidatura factível. Ele, como ministro da Fazenda, dado o conjunto de reformas que foram aprovadas, saiu de uma queda do PIB de 3,5% em 2016 para um crescimento de 1,1% em 2017. É uma reviravolta de 4,6 pontos percentuais.

A palavra para qualificar essa reviravolta é espetacular.

Alckmin

A candidatura Meirelles é bastante diferente da candidatura Alckmin. Tem um programa claro, basta olhar o que Meirelles fez e o que vai fazer. Se olhar a candidatura Alckmin, você não tem essa certeza.

O Alckmin é um excelente candidato, é ruim ficar falando dos outros candidatos.

Teto de gastos

Se não vai ter o teto de gastos, o que vai ser colocado no lugar? Se você diz que isso é insustentável, significa que o gasto vai crescer quanto?

Uma opção é aumentar o déficit público e aumentar a dívida pública. Outra opção é aumentar imposto. A terceira é deixar aumentar um pouco a inflação. Uma das três coisas vai ter de ser feita.

Persio diz que não dá para cumprir o teto, mas que vai zerar o déficit em dois anos. Eu não sei como compatibilizar essas duas informações.

Creio que em torno de 2020, 2021, provavelmente [é possível zerar o déficit].

A presidente Dilma Rousseff fez um acordo com o funcionalismo para aumentar salários, o presidente Temer tentou adiar e não conseguiu. Nós também vamos tentar.

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