Rota 2030 é positivo, mas setor não retoma tamanho pré-crise no médio prazo, diz Moody's

Agência de risco diz que novo programa alinha o Brasil a um movimento global por veículos elétricos

São Paulo

A agência de classificação de risco Moody's avaliou como positivo o Rota 2030, novo programa do governo brasileiro, lançado na semana passada, para estimular o setor automobilístico no país, mas se manteve cética em relação à retomada da indústria no médio prazo.

A Moody's diz que a nova política incentiva investimentos no segmento e alinha o setor melhor a um movimento global em direção à produção de veículos elétricos.

O Rota 2030 foi desenhado para substituir o antigo Inovar Auto, que expirou em dezembro, sem ferir as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio) sobre protecionismo. O programa terá duração de 15 anos e será dividido em etapas —a primeira é de cinco anos.  

Entre seus principais pontos estão a redução de IPI sobre veículos híbridos e elétricos, que são menos poluentes, e a possibilidade de empresas que investirem em pesquisa e desenvolvimento gerarem créditos fiscais de 10,2%. Esses créditos poderão totalizar um máximo de R$ 1,5 bilhão para a indústria como um todo. 

Em contrapartida, o setor terá que fazer um investimento mínimo de R$ 5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento por ano.

A Moody's destaca metas da política como aumentar a eficiência energética dos veículos brasileiros em 11% até 2022, incorporar tecnologias de auxílio à condução até 2027 e classificar os veículos de acordo com seus níveis de eficiência energética e segurança.

Citando recuperação do mercado interno, a agência diz que o desempenho das exportações não será tão crucial para o setor neste ano como em 2017. A turbulência econômica da Argentina, no entanto, levanta, segundo a Moody's, preocupações sobre a produção automotiva local no Brasil.

"Em 2017, um aumento de 48% nas exportações para os países vizinhos, especialmente a Argentina, ajudou a impulsionar a produção total de veículos do Brasil em 24%. O aumento da produção marcou a recuperação incipiente do setor automotivo brasileiro após a recessão econômica do país de 2014-16 reduzir a produção de automóveis em 41% em 2016 em comparação com 2013", disse a agência.

A Anfavea (associação dos fabricantes) estima que a produção deve crescer 11,9% em 2018, chegando a 3,021 milhões de unidades no final do ano, abaixo da alta de 13,2% estimada em janeiro.

"Embora acreditemos que um melhor ambiente de consumo no Brasil apoiará o crescimento do setor no curto prazo, não esperamos que o mercado automotivo brasileiro retome seu tamanho pré-recessão em termos de vendas e produção no médio prazo", concluiu a Moody's.

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