Salão mostra consolidação da liderança de Airbus e Boeing na aviação

Empresas apostam em inovações tecnológicas e serviços para conter concorrência chinesa

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AFP

O Salão Aeronáutico de Farnborough confirmou a onipotência das gigantes Airbus e Boeing, que conquistaram a maior parte dos pedidos. As duas empresas apostam em inovações tecnológicas e em serviços para conter concorrências futuras, incluindo a chinesa.

Ambas anunciaram mais de US$ 150 bilhões (R$ 577 bilhões) em encomendas durante o salão, com uma vantagem para a americana Boeing.

Longe de enfraquecê-las, a rivalidade entre elas selou o duopólio em torno das duas fabricantes à custa de seus antigos rivais, que agora são parceiros.

"A história continua e, apesar das encomendas já confirmadas de mais de 6.000 aeronaves no segmento de um único corredor, continuamos a receber encomendas muito importantes", comemorou Guillaume Faury, chefe do setor de aviação civil da europeia Airbus.

A Embraer, com quem a Boeing anunciou uma parceria por meio da qual a gigante americana assume todas as atividades civis da fabricante brasileira de aeronaves, recebeu US$ 15 bilhões (R$ 57 bilhões) em encomendas no salão.

A Bombardier aproveitou sua aliança com a Airbus em torno do programa CSeries, rebatizado de A220 para integrar a gama da europeia, para anunciar uma nova encomenda de uma empresa aérea americana (cujo nome não foi revelado), por 60 modelos A220-300 a um preço de catálogo de US$ 5,5 bilhões (R$ 21,16 bilhões).

Esse pedido se soma a uma outra encomenda de valor equivalente e também de 60 aviões, mas do modelo A220, com a americana JetBlue anunciada antes do salão.

Os engenheiros, que tiram vantagem desses pedidos na esteira dos fabricantes de aeronaves, são os outros vencedores do salão. Eles, porém, nem sempre divulgam os valores desses contratos, cujos lucros estão relacionados a serviços e manutenção.

O preço do motor é metade do preço da aeronave durante seu ciclo de vida, de 25 a 30 anos.

Com sua força industrial, Boeing e Airbus agora pretendem tirar proveito do crescimento do mercado nos próximos 20 anos para acelerar os serviços, por meio do gerenciamento de dados em tempo real das aeronaves e acompanhar a revolução digital em que a indústria embarcou.

Concorrência esmagada

Ambas preveem uma duplicação da frota global até 2037. No total, incluindo serviços, a Boeing espera uma demanda total de US$ 15 trilhões (R$ 57 trilhões) até 2037, segundo seu vice-presidente do setor comercial, Randy Tinseth.

Isso representa 42,73 mil novas aeronaves, segundo a Boeing, por US$ 6,3 bilhões (R$ 24,23 bilhões), e 37,39 mil novas aeronaves, segundo a Airbus, por US$ 5,8 bilhões (R$ 22,3 bilhões).

Os dois rivais estão afinados, apenas a diferença de alvo explica essa lacuna.

Em média, isso representa uma produção anual de cerca de 2.000 aeronaves. Apenas Airbus e Boeing entregam, anualmente, três quartos da produção global: 718 para a Airbus em 2017 e 763 para a Boeing.

As duas planejam atender ou exceder 800 este ano --mais de 1.600 aeronaves no total--, e a americana promete até mais de 900 entregas até o final da década.

Apesar das dificuldades encontradas pela Airbus em torno da entrega de motores, a fabricante europeia conseguiu atingir suas metas de entrega há dois anos.

Para atingir esses novos objetivos, ambos iniciaram um aumento da produção de aeronaves, o que deixará pouco espaço para que a concorrência futura --russa, mas mais particularmente chinesa-- consiga se estabelecer.

A chinesa Comac almeja colocar em serviço na próxima década o seu C919, anunciado como o futuro rival do A320 (Airbus) e do 737 (Boeing) de média distância, mas já está vários anos atrasado em relação ao cronograma original.

Também pretende desenvolver com os russos uma aeronave de longa distância, o C-929, em um horizonte mais distante.

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