Santander e Bradesco sobem juros do rotativo

BC proibiu cobrar taxas diferentes de clientes que pagavam valor mínimo dos que atrasam

Brasília | Reuters

Santander e Bradesco elevaram as taxas de juros do rotativo do cartão de crédito no mês de junho, mostram dados do Banco Central.

Desde o começo do mês passado, os bancos foram proibidos de cobrar taxas diferentes de clientes que pagavam o valor mínimo da fatura daqueles que atrasam o pagamento da conta. A diferença deve ser apenas o pagamento de multa por atraso e juros de mora.

Clientes em atraso chegavam a pagar 17% ao mês pela dívida, acima dos cerca de 11% mensais do rotativo atual.

No Santander, os juros no rotativo regular do cartão, cobrado de quem paga o mínimo da fatura, subiram 30,7 pontos percentuais de maio para junho, para 241,91% ao ano.

 

No Bradesco, a alta foi de 4,35 pontos, para 317% ao ano —o crédito mais caro entre os grandes bancos.

Banco do Brasil e Caixa reduziram suas taxas, para 165% e 237,52% ao ano respectivamente. No Itaú, houve estabilidade em 218,38% ao ano. Os dados por banco são divulgados diariamente pelo BC.

Como resultado, os juros médios gerais do rotativo regular do cartão de crédito saltaram 18,1 pontos em junho sobre maio, para 261,1% ao ano. Já na modalidade não regular, na qual os consumidores não quitam a fatura mínima, a taxa caiu 32,8 pontos na mesma base de comparação, para 313,3% ao ano.

Isso ocorreu apesar de a inadimplência ter ficado praticamente estável no período. Segundo o BC, a taxa de não pagamento no rotativo do cartão de crédito ficou em 34,6%, ligeiramente abaixo do patamar de 34,7% de maio.

No fim de abril, o BC anunciou uma mudança de regras para deixar a cargo dos bancos a definição do pagamento mínimo no cartão de crédito e para disciplinar a cobrança de encargos, buscando com isso aproximar as taxas do rotativo.

A expectativa, com isso, era que a taxa cobrada no rotativo não regular, na qual incidem multa e juros de mora, fosse se aproximar do custo do rotativo regular, para os que pagam a fatura mínima.

Santander e Bradesco elevaram as taxas do cartão de crédito para os bons pagadores ao mesmo tempo em que diminuíram as cobradas de quem que não quita nem o valor mínimo.

Segundo o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha, isso "é devido ao fato de as instituições financeiras buscarem uma nova taxa de equilíbrio, uma nova média para essa taxa do regular".

"Não há ainda elementos suficientes para dizer se esse aumento no mês vai ser uma coisa que vai se generalizar nas demais [instituições financeiras] ou se vai refluir", disse.

O diretor de cartões do Bradesco, Francisco Terra, disse que a maior parte das operações do segmento para correntistas do banco é feita pela Bradesco Cartões, que teve taxa de 236,23 ao ano m junho.

"Um maior uso de saques de recursos no cartão no período pode ter causado isso."

O Santander Brasil não respondeu de imediato.

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