Turismo e vinho de melhor qualidade mudam imagem das casas de São Roque

Cidade que era conhecida pela produção de bebida adocicada agora tem roteiro enogastronômico

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Pessoas colhendo uvas em parreiral
Turistas colhem uvas na vinícola Ferreira & Passero, em São Roque (SP) - Rafael Hupsel/Folhapress
São Paulo

Localizada a 70 quilômetros de São Paulo, São Roque foi conhecida por décadas pela produção de vinho colonial, a versão de gosto adocicado e aroma artificial da bebida, vendida em garrafões.

Eram 2 milhões de litros da bebida por ano, correspondente a 5% da fabricação nacional. A cidade abrigava 113 produtores, hoje tem 15. 

Os proprietários envelheceram e os filhos, na sua maioria, não quiseram assumir os negócios. A valorização imobiliária da região transformou muitas das vinícolas em chácaras de veraneio. 

Os vinicultores que permaneceram na cidade se uniram para mudar a fama de São Roque, com vinho de maior qualidade e um roteiro enogastronômico que abre as portas das vinícolas para os turistas.

“Estamos recuperando a história da cidade”, diz Túlio Pato, presidente da Associação Roteiro do Vinho.

A entidade lançou um guia com 15 restaurantes locais e opções de passeios às propriedades produtoras de vinho. 

Na Vinícola Góes, fundada em 1963, as visitas são guiadas por um sommelier e dão direito a degustação de três rótulos da casa. Custam R$ 35.

Na época da colheita da uva, nos dois primeiros meses do ano, os turistas são levados às parreiras e fazem a pisa na uva no lagar, um tanque feito de pedras. Proprietário da vinícola, Cláudio Góes, 53, afirma que o passeio ajudou a incrementar a renda e, principalmente, a aumentar a clientela dos seus vinhos. 

Experiência parecida é oferecida pela Quinta do Olivardo, pequena vinícola aberta há dez anos e que produz 25 mil garrafas por ano de vinhos com uvas Bordeaux, Cabernet e Merlot. 

No Vinho dos Mortos, inspirado em tradição portuguesa, os clientes enterram as garrafas em um buraco ao som de uma fadista. A bebida fica amadurecendo por 60 dias até poder ser consumida.

Para participar do evento, é necessário comprar um vinho produzido pela casa. Olivardo Saqui, 46, dono da vinícola, diz que criou o passeio como forma de apresentar os seus rótulos para a clientela.

As vinícolas de São Roque investem também em produtos de maior qualidade.

O economista Fernando Passero, 64, se mudou para a região há 15 anos com o objetivo de desenvolver rótulos finos da bebida. Hoje, o vinhedo Ferreira & Passero produz 10 mil garrafas por ano das variedades Cabernet Franc, Malbec, Tempranillo, Sevignon Blanc e Lorena. 

O produtor Claudio Góes investiu R$ 3 milhões entre mão de obra especializada, pesquisa de variedades de uvas e insumos químicos para chegar à fruta ideal. Em 2014, a vinícola entrou para a lista dos melhores tintos do ano da Avaliação Nacional de Vinhos com o Philosophia Cabernet Franc. 

Góes produz 8 milhões de litros de vinho por ano, sendo 300 mil litros da bebida fina, com uvas Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. “São Roque tem, sim, condição de fazer bons vinhos”, afirma. 

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