Amazon remove produtos que ostentam símbolos nazistas

Medida foi tomada após pressão de ONGs e de legisladores americanos

San Francisco | The New York Times

A Amazon anunciou esta semana que não permitiria que comerciantes associados ao seu site continuassem a vender em sua plataforma produtos contendo símbolos nazistas ou de nacionalismo branco, depois de pressão de ONGs e de legisladores americanos.

Em carta datada da terça-feira (31) e endereçada ao deputado federal Keith Ellison, democrata de Minnesota, a Amazon anunciou ter removido os produtos que violavam suas normas quanto à oferta de itens que promovam ódio, violência e discriminação.

"Revisamos os produtos e o conteúdo referenciados em sua carta e removemos os itens que violavam nossas normas, bloqueando permanentemente as contas dos comerciantes que desrespeitaram as normas da Amazon", escreveu na carta o vice-presidente de política pública da Amazon, Brian Huseman, de acordo com o site de notícias BuzzFeed. "Também estamos revisando [outras] contas de vendedores para potencial suspensão".

Centro de distribuição da Amazon nos arredores de Barcelona, na Espanha
Centro de distribuição da Amazon nos arredores de Barcelona, na Espanha - Albert Gea/Reuters

A Amazon enviou sua carta depois que duas ONGs - a Parceria para as Famílias Trabalhadoras e o Centro de Ação Sobre Raça e Economia- chamaram a atenção, em julho, para a oferta de produtos no site de comércio eletrônico que incluíam um macacão para bebê com a imagem de uma cruz em chamas, e joias com símbolos nazistas.

"A Amazon está permitindo a celebração de ideologias que promovem o ódio e a violência ao autorizar a venda em seu site de símbolos e imagens de ódio, entre os quais imagens hostis aos negros e associadas aos estados confederados, imagens nazistas e fascistas, e imagens recentemente associadas ao movimento nacionalista branco", afirmaram as organizações em um relatório.

Em resposta, Ellison escreveu ao presidente-executivo da Amazon, Jeff Bezos, expressando alarme. "Perturba-me que uma empresa tão poderosa esteja alimentando materialmente a ascensão de organizações promotoras do ódio em nosso país", afirmou Ellison.

Ele também questionou a Amazon sobre o lucro gerado pela literatura quanto à supremacia branca disponível para sua plataforma de livros eletrônicos Kindle. A Parceria para as Famílias Trabalhadoras e o Centro de Ação Sobre Raça e Economia apontaram que o site da Amazon oferecia para venda um livro infantil ilustrado de autoria de George Lincoln Rockwell, que fundou o Partido Nazista Americano em 1959.

Embora a Amazon tenha afirmado que os produtos em questão já não estavam disponíveis para compra, ela ainda não os retirou de seus armazéns e centrais de distribuição. O livro infantil continuava à venda na Amazon, na noite de quinta-feira. A companhia emprega uma combinação de ferramentas automatizadas e pesquisa humana para localizar e remover produtos que violem suas normas.

Em sua carta, Huseman se recusou a revelar quanto dinheiro a Amazon ganhou com a venda de literatura publicada por organizações que o Southern Poverty Law Center, uma organização de defesa dos direitos humanos, identificou como promotoras do ódio. Ele disse que a Amazon não revela os lucros que obtém com a venda de produtos específicos ou de editoras específicas.

A Amazon não respondeu de imediato a um pedido de comentário. O gabinete de Ellison disse que ele não estava disponível para comentar.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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