A arrecadação federal somou R$ 129,6 bilhões em julho, uma alta real (descontada a inflação) de 12,8% na comparação com igual mês do ano passado. O resultado é o melhor para o mês desde 2011.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (23) pela Receita Federal.
Em julho, o crescimento ante igual mês do ano anterior foi o maior registrado neste ano. Antes disso, a alta real havia superado o patamar de 10% apenas em janeiro e fevereiro.
O pior resultado, por outro lado, ocorreu em junho. Afetada pela paralisação dos caminhoneiros e pela queda na taxa de juros, a arrecadação federal cresceu 2% na comparação com junho de 2017. O ritmo de alta havia caído em relação aos meses anteriores, que vinham registrando crescimentos acima de 5%.
No acumulado de janeiro a julho, as receitas somam R$ 843,8 bilhões, alta de 7,7% na comparação com o mesmo período de 2017. O resultado é o melhor para o período desde 2014.
Um dos fatores que explicam o desempenho do mês de julho é a arrecadação de imposto de renda da pessoa jurídica e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), que somou R$ 24,2 bilhões e cresceu 28% na comparação com julho de 2017.
"Esse acréscimo decorre da melhora do resultado das empresas, que estão tendo perspectiva de recuperação. Além disso, tivemos redução significativa dos valores compensados", afirmou o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros, Claudemir Malaquias.
As compensações podem ser feitas pelas empresas que desejam quitar tributos federais com créditos que têm com a Fazenda Nacional.
"A Receita intensificou trabalho e tornou mais célere a verificação de direitos creditórios. Muitos postulam, mas com base em direitos creditórios inexistentes", disse Malaquias, ao explicar a redução dessas compensações.
Outro fator que explica a alta do recolhimento de tributos em julho é o aumento do PIS/Cofins sobre combustíveis ocorrido no segundo semestre do ano passado. Em julho, a arrecadação desse tributo dobrou em relação a igual mês de 2017 e somou R$ 2,5 bilhões
A arredação de tributos também é afetada pela alta do dólar, já que alguns são calculados a partir do valor da transação em reais, como o IPI sobre importação.
Mesmo com o resultado positivo em julho, Malaquias diz que ainda não é possível prever os efeitos do movimento de paralisação dos caminhoneiros nos próximos meses.
"Os efeitos do movimento de maio vão se dissipar ao longo do ano. O fato é que não podemos prever o quanto isso afetará o resto do ano", disse.
Em relação às eleições, Malaquias fez uma avaliação de que o nível de incerteza diminuiu após o processo de registro de candidaturas.
"O início do processo [registro de candidaturas] contribui para afastar processo de incerteza. [...] A confiança de consumidores e investidores depende do clima de confiança", disse.
Ao ser questionado sobre o nível de incerteza que ainda existe em relação ao resultado das eleições em outubro, ele respondeu: "À exceção do mercado financeiro, que é mais sensível, a economia tende a descolar desse movimento".
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