Bolsa descola do exterior e cai quase 1%; dólar encosta em R$ 3,77

Bolsas globais avançaram, enquanto dólar perdeu força pelo mundo

Anaïs Fernandes
São Paulo

Os mercados brasileiros descolaram do exterior nesta terça-feira (7) em meio a rumores em relação ao cenário eleitoral.

O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, operava praticamente estável pela manhã, alcançando os 81.742,39 pontos. 

Por volta das 14h30 (horário de Brasília), no entanto, começou a cair, chegou a perder 1,2% e fechou em baixa de 0,87%, a 80.346,52 pontos.

O dólar, que abriu a R$ 3,717, foi para R$ 3,704 ao longo do dia, mas fechou em alta de 0,93%, cotado a R$ 3,767. 

O dólar à vista se manteve em baixa e terminou o pregão com queda de 0,15%, para R$ 3,718.

"Hoje foi um dia de boataria e efeito manada. Vasculhamos e não encontramos nenhum elemento para uma análise fundamentalista", diz Eduardo Guimarães, especialista em ações da Levante. 

Ele ressalta que o volume financeiro do pregão no dia foi alto. O giro foi de R$ 12 bilhões, segundo a B3, dona da Bolsa. 

"A média do ano é de R$ 9 bilhões. O fato de ter um volume forte com queda rápida pode indicar algum boato que corre e acaba pegando", afirma.

Operadores nas mesas do mercado financeiro relataram rumores sobre a eventual implicação de um presidenciável em uma delação premiada.

Especulações surgiram também sobre o desempenho do candidato Geraldo Alckmin (PSDB) na pesquisa CNT/MDA, da Confederação Nacional do Transporte, que aponta intenções de voto para presidente, governador e senador entre eleitores paulistas --reduto eleitoral de Alckmin. 

O tucano é visto com bons olhos entre investidores, por ser considerado um candidato de perfil mais reformista.

A pesquisa da CNT será divulgada às 11 horas desta quarta-feira (8). Procurada, a confederação não se manifestou.

Registrada no TSE sob o número SP-04729/2018, a pesquisa realizou 2.002 entrevistas, distribuídas em 75 municípios de todas as regiões do estado de São Paulo, entre os dias 2 e 5 de agosto. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.

Com as instabilidades locais, o mercado brasileiro se descolou do exterior.

Lá fora, o dólar perdeu força ante 27 das 31 principais divisas do mundo. 

O real liderou a desvalorização em relação à moeda americana, seguido pelos dólares canadense e de Hong Kong. 

"Na dúvida, é melhor estar comprado [em dólar] do que vendido. O investidor tenta se cobrir e se garantir", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.

AÇÕES

As bolsas globais também operaram no azul. Na Europa, os maiores mercados fecharam em alta.

O Dow Jones, principal índice de Nova York, subiu 0,50%. O S&P 500 avançou 0,28% e se aproximou de máximas históricas, impulsionado por ações do setor de tecnologia, como Amazon, Alphabet e Microsoft. O Nasdaq, índice de tecnologia, ganhou 0,31%.

Das 67 ações que compõem o Ibovespa, 54 caíram, 12 subiram e uma ficou estável. O setor financeiro pressionou o índice para baixo. 

Os papéis preferenciais dos Bradesco recuaram 1,51%, e os ordinários, 2,18%. O Banco do Brasil caiu 2,13%, e o Itaú, 0,6%. As units --conjunto de ações-- do Santander cederam 1,59%.

"A política nacional vai ter um peso maior sobre a volatilidade da Bolsa. Enquanto não começar a propaganda eleitoral, no fim do mês, vai ser assim: boatos, ataques e 'fake news' puxando o mercado", diz Guimarães.

O destaque positivo foi dos papéis da Magazine Luiza, que subiu 5,72%. A varejista reportou que quase dobrou seu lucro líquido do segundo trimestre, ante igual período de 2017, para R$ 140,7 milhões.

Em relatório o BB Investimentos considerou os resultados da Magazine Luiza excepcionais. "Apesar da greve dos caminhoneiros, a companhia foi capaz de entregar o maior crescimento de vendas trimestrais dos últimos 5 anos."

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