Com incertezas, o melhor é não dar indicações sobre política monetária, diz BC

Na semana passada, o BC manteve a Selic em 6,50% ao ano

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Calculadora, moedas e caneta
O Copom (Comitê de Política Monetária) decidiu manter a Selic em 6,5% ao ano - photocrew - stock.adobe.com
São Paulo | Reuters

O Banco Central reforçou nesta terça-feira (7) que o cenário de inflação continuará favorável se não houver choques adicionais e, diante desse nível de incerteza, o melhor é não dar sinalizações sobre seus próximos passos sobre a trajetória dos juros básicos.

"O maior nível de incerteza da atual conjuntura gera necessidade de maior flexibilidade para condução da política monetária, o que recomenda abster-se de fornecer indicações sobre os próximos passos", trouxe a ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC.

Na semana passada, o BC manteve a Selic em 6,50% ao ano, ressaltando que a retomada da atividade econômica será ainda mais gradual do que a esperada antes da greve dos caminhoneiros, num cenário de menor pressão inflacionária, e que o aumento da inflação decorrente da paralisação vinha se mostrando temporário.

Especialistas leram a mensagem como um sinal de que o BC não deve mexer nos juros tão cedo, em meio à alta ociosidade da economia e expectativas de inflação ancoradas.

Na pesquisa Focus mais recente feita pelo BC junto a uma centena de economistas, foram mantidas as previsões de que a taxa básica de juros será mantida em seu menor nível histórico neste ano, subindo a 8% em 2019.

Na ata, o BC destacou novamente que a atuação da política monetária se dará exclusivamente com foco na evolução das projeções e expectativas de inflação, do seu balanço de riscos e da atividade econômica. E que, portanto, os próximos passos para a Selic dependerão da evolução desses fatores.

"Choques que produzam ajustes de preços relativos devem ser combatidos apenas no impacto secundário que poderão ter na inflação prospectiva. É por meio desses efeitos secundários que esses choques podem afetar as projeções e expectativas de inflação e alterar o balanço de riscos", informou o BC.

"Esses efeitos podem ser mitigados pelo grau de ociosidade na economia e pelas expectativas de inflação ancoradas nas metas. Portanto, não há relação mecânica entre choques recentes e a política monetária", acrescentou.

No comunicado sobre a decisão do Copom, o BC já tinha avaliado que a paralisação dos caminhoneiros, ocorrida no fim de maio, aumentaria a inflação de junho. Mas assinalou que dados recentes mostravam que esses efeitos devem ser passageiros, mensagem que repetiu na ata.

"Projeções de inflação para julho e agosto corroboram a visão de que os efeitos desses choques devem ser temporários."

Por outro lado, o BC ressaltou que o risco de continuidade do processo de ajustes e reformas na economia brasileira e o risco associado a deterioração do cenário para economias emergentes "permanecem em níveis mais elevados".

Sobre o cenário externo, apontou que "houve certa acomodação das condições financeiras nos mercados internacionais, mas o cenário se mantém mais desafiador".

Após o câmbio mostrar trégua em julho, depois de forte alta do dólar sobre o real nos meses anteriores, o BC também ponderou que o grau de repasse cambial depende de vários fatores, como o nível de ociosidade na economia e a ancoragem das expectativas de inflação. E que seguirá acompanhando essas medidas.

A próxima reunião do Copom acontece em 18 e 19 de setembro, antes da realização do primeiro turno das eleições presidenciais, em 7 de outubro. O pleito, que promete ser o mais acirrado em décadas, ganha cada vez mais espaço no radar dos investidores, em meio a incertezas sobre as propostas dos candidatos para endereçar o desequilíbrio fiscal do país.

 
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