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Criação de empresas bate recorde em Portugal

Foram criadas quase 24 mil empresas novas na primeira metade deste ano

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Visão aérea da torre de Belém, que é cercada pelo rio Tejo. Há uma ponte que liga ela ao continente
Torre de Belém, em Lisboa, captada por câmera de drone - Ricky Arruda

​A criação de empresas em Portugal bateu recorde no primeiro semestre deste ano, período em que foram criadas 23.691 sociedades, 14% a mais do que há um ano, segundo cálculos do Dinheiro Vivo com base nas séries do INE (Instituto Nacional de Estatística), que remontam ao início de 2008.

As regiões da Grande Lisboa, do Norte e do Algarve também bateram recordes absolutos no período em análise. Na área de Lisboa foram criadas 9.501 sociedades (aumento de 22%, na comparação com junho de 2017), no Norte abriram 7.410 empresas (alta de 12%, no mesmo período) e o Algarve registrou 1.376 firmas (também em um crescimento de 12%).

Os números são coerentes com os dados da criação de emprego, que também tem batido sucessivos recordes, com crescimento de cerca de 2,6%. Em junho, segundo o INE, a economia portuguesa tinha mais de 4,8 milhões de empregos, mesmo valor do início de 2009.

Na quarta-feira (1º), o INE revelou os resultados do inquérito ao emprego do segundo trimestre.

De referir também que no primeiro semestre foram dissolvidas 15,6 mil sociedades. No entanto, o saldo continua a ser positivo: 8.035 firmas, em termos líquidos.

O saldo histórico (desde o início de 2008) também é positivo: mesmo com uma crise grave pelo meio, Portugal ganhou nesta década mais de 49 mil empresas, resultado de 348 mil criadas e de 299 mil extinções de atividade.

Os SETORES

Dois terços das empresas criadas (quase 15 mil) na primeira metade deste ano estão nos setores que mais têm beneficiado do impulso do turismo. O comércio e a reparação de veículos lideram com mais 4.466 novos registros (com alta de 5%), o setor de hotéis e restaurantes é o segundo maior, com 2.980 novas empresas (crescimento de 11%), as atividades de consultoria tiveram um aumento de 13%, para 2.660 firmas, e há mais 2.526 empresas ligadas ao imobiliário (alta de 38%).

Destaque para o fato de o segmento de hotéis e restaurantes ter atingido o maior valor de criação de empresas nestas séries do INE e ainda para o saldo de quase 24% na criação de empresas no ramo de construção, que no primeiro semestre também bateu um máximo de 2.361 firmas registradas.

Uma vez mais, isto é coerente com a maioria dos sinais emitidos pelo mercado de trabalho até ao primeiro trimestre. Por exemplo, o emprego nas atividades imobiliárias subia mais de 10% em termos homólogos; o binômio hotéis e restaurantes ganhou mais 7% de postos de trabalho.

Economia digital, salários baixos

Tal como o Dinheiro Vivo já noticiou, há muitas razões que ajudam a explicar o porquê na explosão de registros de empresas.

Segundo a Comissão Europeia, a retoma portuguesa é "rica em empregos" e isso nota-se "particularmente no turismo".

Em Portugal, o peso do emprego gerado direta e indiretamente por negócios de plataformas digitais deverá ser já um dos mais elevados num conjunto de 14 países europeus, quase 11% do total, segundo um estudo pioneiro do Joint Research Centre (JRC), da Comissão Europeia.

São negócios como Uber, Ubereats, Glovo, Cabify, Taxify, Zomato, Booking, Airbnb, mas também envolvem centrais de atendimento e varejistas com presença virtual (supermercados, lojas de roupa e calçado, de artigos eletrônicos, por exemplo).

Os principais indicadores revelam que Portugal, apesar das reformas estruturais que ainda pode precisar fazer, está recuperando a competitividade. Ou seja, está conseguindo sustentar importações e captar investimentos estrangeiros.

Parte da explicação pode estar no fato de a maioria dos empresários (cerca de 47% dos inquiridos pelo INE) considerarem que até é relativamente fácil demitir em Portugal.

O nível baixo e a progressão lenta dos salários também contribui. Num estudo recente, o FMI (Fundo Monetário Internacional) reparou que o declínio nos custos laborais desde 2014 em países como Portugal, Grécia ou Espanha "foi baseado em salários mais baixos em vez de ganhos de produtividade".

O diagnóstico da Comissão Europeia vai no mesmo sentido: "A maioria das novas contratações tem acontecido em setores com perfis de baixas qualificações e salários abaixo da média."

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