Descrição de chapéu Balanços

Dólar em alta beneficia fundo cambial e ação de exportadora

Pequeno investidor deve evitar tentativas de prever para onde vai a moeda americana

Anaïs Fernandes
São Paulo

Em um cenário de volatilidade, tentar adivinhar os rumos do câmbio para especular no curto prazo não é recomendado ao pequeno investidor.

“O investidor de menor porte deve evitar a especulação com o dólar. Não pode cair na armadilha de que vai ganhar operando na baixa”, afirma Conrado Navarro, especialista em finanças pessoais da Modalmais.

Munido de projeções econômicas e políticas, por outro lado, ele pode traçar cenários e definir estratégias condizentes com seus objetivos.

Se acredita que a perspectiva de médio prazo é que o dólar suba, por exemplo, pode investir em fundos cambiais.

Esses produtos devem ter ao menos 80% de sua carteira em ativos relacionados, direta ou indiretamente, a uma moeda estrangeira —em geral, o dólar. 

A vantagem em relação à compra direta da moeda é que o investimento é administrado por um gestor, ou seja, um profissional que acompanha os mercados em busca de melhores rentabilidades.

“É um investimento em real, dentro de uma instituição financeira no Brasil, mas cujo principal índice de rentabilidade está associado à variação da moeda estrangeira”, afirma Navarro, da Modalmais.

É preciso lembrar que os fundos cambiais embutem custos com taxas administrativas e incidência de Imposto de Renda sobre a rentabilidade, de 15% a 22,5%, dependendo do tempo da aplicação. 

Com base em números da Morningstar, empresa americana de pesquisas de investimentos, o consultor Marcelo D’Agosto observa que fundos cambiais voltados para o público de varejo apresentaram uma expressiva alta no número de cotistas entre abril e agosto, de 70%.

“Em abril, o dólar estava em R$ 3,30. De lá para cá, escalou a R$ 3,70 e muitas pessoas entraram nos fundos no susto. A alta seguiu e o ambiente se tornou ainda mais propício para a compra de cotas”, diz, acrescentando que o investidor de média ou alta renda está de olho no impacto das pesquisas eleitorais no mercado.

Quem tiver um horizonte de investimentos de longo prazo e estiver disposto a correr um risco maior pode ainda mirar empresas listadas na Bolsa e que se beneficiam da alta do dólar. 

“A valorização do câmbio ajuda papéis de grandes exportadoras, como empresas do setor de celulose”, diz José Pena, economista-chefe da Porto Seguro Investimentos.

O investimento, no entanto, não está isento de volatilidade. “Quando o dólar volta, pode ter um impacto. Por outro lado, beneficiaria empresas nacionais que vêm apresentando bons resultados em seus balanços”, diz Navarro.

Se achar que o dólar vai cair até o fim do ano, como aponta a maioria dos economistas, o investidor deve mirar ativos que não estejam atrelados à moeda, como de renda fixa e fundos multimercados, diz o especialista. 

Para quem já tem alocações em fundos cambiais visando rentabilidade, o momento pode ser de reavaliar posições.

“O dólar pode ir a R$ 4,50, mas também pode voltar. Chegando ao patamar de R$ 4, é provável que o cotista já tenha obtido lucro. Se o objetivo principal é retorno, ele pode vender e realizar o ganho”, afirma Navarro.

Já o investidor que busca no fundo proteção às flutuações cambiais, seja porque pretende viajar ou porque tem patrimônio atrelado à moeda, deve manter o investimento e traçar uma estratégia de aplicações parceladas que, entre altas e baixas, compõem um preço médio.
 

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