'Efeito Amazon' pode ter impacto na dinâmica de inflação, diz estudo

Internet ajudou a reduzir a disparidade de preços, afirma pesquisador

Jackson Hole (EUA) | Reuters

Mudanças mais frequentes de preços e crescimento na consistência dos preços graças ao crescimento de lojas online pode estar afetando a inflação, segundo um artigo acadêmico apresentado neste sábado (25) a alguns dos maiores bancos centrais do mundo.

"Nos últimos dez anos, a competição online elevou tanto a frequência das mudanças de preços quanto a uniformidade deles em vários locais", disse Alberto Cavallo, professor associado da escola de negócios de Harvard, que analisou como as chamadas lojas de múltiplos canais —com lojas online e físicas, como o Walmart— reagiram ao crescimento da Amazon.com.

Algoritmos de atribuição de preço são amplamente usados em lojas dos dois tipos e a transparência da internet também reduziu a disparidade de preços, disse o artigo entregue à conferência anual dos bancos centrais, em Jackson Hole, no Wyoming. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, estava presente.

Várias autoridades influentes nas políticas do Federal Reserve levantaram a possibilidade de que os níveis relativamente baixos da inflação dos Estados Unidos nos últimos anos diante da forte economia podem ter relação com a habilidade de empresas como a Amazon de controlar os preços gerais.

Caixa de entrega da Amazon
Caixa de entrega da Amazon, gigante do comércio online - Mike Segar - 29.jan.16/Reuters

A medida de inflação preferida do Fed —o índice de despesas de consumo pessoal (PCE, sigla em inglês), excluindo alimentação e componentes de energia— atingiu a meta de 2% em março, pela primeira vez em seis anos. Mas não há sinais de que acelerará agudamente, como muitos economistas esperando períodos de baixo desemprego.

O índice de desemprego dos EUA está atualmente em 3,9%, enquanto a economia passa por um crescimento robusto, no que deve ser a segunda maior expansão já registrada.

Este ambiente significa que lojas precisam ser mais ágeis, motivando margens menores. Cavallo descobriu, por exemplo, que o Walmart mudou mais frequentemente os preços em seu site de 2016 a 2018 de produtos também facilmente encontrados na Amazon.

Na semana passada, o Walmart relatou que as vendas do segundo quarto ultrapassaram as estimativas, com mais clientes visitando suas lojas e um website renovado levando a mais compras.

O comércio online do Walmart cresceu 40%, ante 33% no trimestre anterior, mas as margens brutas caíram pelo quinto quarto consecutivo.

Cavallo também descobriu lojas respondendo mais a mudanças em outros fatores.

"Preços de combustível, flutuações de taxa de câmbio, ou outras forças afetando custos que possam entrar no algoritmo de atribuição de preços usado por essas empresas têm mais probabilidade de ter um impacto rápido e amplo em preços do comércio do que no passado", concluiu.

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