Empresas levam serviço de humano para pets

Fabricantes de máquina de inalação, de 'barbeadores' para tosa e de produto de limpeza para piscina investem no setor

Filipe Oliveira
São Paulo

Atentas ao crescimento que o setor pet acumula ano após ano, mesmo quando a crise faz do mercado um osso duro de roer, empresas com décadas de experiência em produtos e serviços para humanos passaram a oferecer itens para cachorros e gatos também.

A Soniclear, que vende aparelhos para inalação há 30 anos, entrou no mundo cão no ano passado, ao lançar o inalaPet, aparelho com máscara e mecanismo adaptados para os bichinhos de estimação. 

Amanda Gomes, veterinária da Soniclear, empresa que lançou aparelho de inalação para animais de estimação - Patricia Stavis/Folhapress

No novo modelo, o remédio fica distante do animal, para não cair caso ele se mexa.

O inalador para animais também tem maior pressão na saída de ar do que os usados por humanos e, por isso, cachorros e gatos que não se adaptam à máscara podem fazer o tratamento com ele posicionado a alguns centímetros do focinho, afixado a gaiola ou caixa de transporte, explica Amanda Gomes, veterinária da Soniclear.

Marcelo Oliveira, supervisor de marketing da companhia, diz que era comum que donos usassem inaladores de humanos em seus bichinhos.

Agora, o mercado vem respondendo bem ao produto exclusivo, afirma. "Temos um mundo para crescer ainda, estamos plantando para colher amanhã", diz Oliveira.

A Genko, com 45 anos de experiência fabricando produtos químicos para limpeza de piscinas, passou a cuidar não só da água mas também do cantinho onde os animais fazem suas necessidades.

Há dois anos, a companhia produz e vende itens para tirar o cheiro deixado pelos pets na casa. A companhia promete que os itens funcionam como repelentes de insetos.

A empresa tem também uma linha de coleiras com luz de LED carregadas por USB.

O crescimento da linha pet fica entre 30% e 40% por ano, diz Mario Riccelli, profissional de vendas da empresa.

"Esse mercado cresce anualmente, e a rentabilidade é muito boa. Hoje se tem muito petshop, muita distribuidora, eles são nosso foco de atendimento", diz.

No crematório Anjos da Previdência, com 65 anos de atuação, a ideia de atender donos que perderam seus animais foi da filha do fundador da empresa, Maria Paula Mondroni, que é a diretora financeira.

Ela conta que, depois da morte de seu cachorro, sentiu falta de um serviço adequado para o funeral.

Como resultado, levou a ideia da nova frente de negócios para a empresa da família para ser estruturada em um MBA que cursou. Dali nasceu a marca Pet Previdência. A empresa faz cerca de cem cremações de animais por mês. Também oferece moldes em gesso da patinha do animal, e o pelo dele pode ser usado para formar um diamante.

"As pessoas tratam o animal de estimação como um filho. Na hora em que se perde ele, queremos dar um respeito diferenciado também", afirma Mondroni.

Maria Paula Mondroni, que teve a ideia de oferecer o serviço de funerais para pet na empresa da família - Patricia Stavis/Folhapress

Já a quase centenária americana Wahl, de máquinas de barbear, tem nove anos no mercado brasileiro.

Há três vende também dois modelos de aparelhos para tosar pets, um com cinco tipos de lâminas e outro leve, de 350 gramas, afirma Itamar Catrinacho, diretor comercial. 

Ele diz que a venda dos itens para pets cresce 10% ao ano.

Diego Carvalho, diretor da feira Pet South America, em que empresas do segmento apresentaram seus produtos e serviços em São Paulo na última semana, aponta que a tendência de dar tratamento próximo ao humano para animais de estimação influencia o desenvolvimento do mercado.

Novos serviços surgem agora que donos têm dado mais atenção à saúde e à qualidade de vida deles, diz.

O tosador Alex Jardim Amorim usaaparelhodaempresaamericana Wahl - Patricia Stavis/Folhapress
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