'Futuro da mobilidade urbana é o transporte público', diz fundador do Waze

O israelense Uri Levine palestrou em São Paulo durante evento de tecnologia

São Paulo

Uri Levine, o israelense cofundador do aplicativo de mapas Waze, acredita que a melhor maneira de superar os congestionamentos nas cidades é apostar no transporte público. Parte disso porque ele é membro do conselho do Moovit, serviço que oferece as melhores rotas de metrôs e ônibus locais, lançado em 2012.

Em painel no GovTech, evento que debate uma agenda digital para o setor público, em São Paulo, o empresário falou sobre empreendedorismo, gigantes da tecnologia e mobilidade urbana. 

Uri veste camiseta preta e calça verde. Ele está sobre um palco, ao lado de uma tela onde sua apresentação é projetada. Na apresentação estão escritos os nomes das startups dele: waze, moovit, feex e see free
Uri Levine, israelense cofundador do aplicativo de mapas Waze - Gladstone Campos/Divulgação

"O sucesso do transporte público depende muito dos governos e de regulação, com rotas certas, veículos pequenos e alta frequência. Mas para você ter uma ideia, o Moovit está crescendo mais do que o Waze cresceu", disse.

Assim como o Waze, já presente em 100 cidades do mundo, o Moovit funciona de modo colaborativo. Sua eficácia melhora a partir do número de inscritos: quanto mais pessoas fornecem informações, mais certeira é a rota que o aplicativo oferece. No Brasil, são mais de 10 milhões de usuários (no mundo, cerca de 50 milhões).

Levine também falou sobre carros autônomos, que mudarão o futuro das montadoras atuais. Segundo ele, o modelo de negócios da indústria automobilística, que praticamente não se alterou nos últimos 100 anos, deve mudar.

"Se você acredita que vai vender o mesmo número de automóveis do que no passado, está fora [do mercado]. Se acredita no setor da autoescola, comece a procurar um novo emprego. Quando contarmos às futuras gerações que dirigíamos carros, elas não irão acreditar."

Suficientemente bom

O trabalho de Levine hoje é ajudar startups a crescer. Na sua visão, as mudanças tecnológicas dos últimos 10 anos – posteriores ao lançamento do smartphone —serão menos drásticas do que as que estão por vir. 

"É difícil dizer quais das grandes empresas de hoje sobreviverão na próxima década. De Google, Amazon e Facebook, que foram disruptivas, acho que só duas vão se manter", afirmou. Ele não quis declarar qual riscaria da lista, mas se limitou a dizer que é a que tem menos utilidade na vida das pessoas.  

Levine aposta na ideia do "suficientemente bom": para que um serviço conquiste pessoas, "não precisa ser perfeito, mas suficientemente bom". Baseia esse argumento na trajetória do Waze, que precisou de seis meses para oferecer mapas viáveis. Lançado em 2009, o aplicativo foi comprado pelo Google em 2013. Um dia depois, o israelense deixou a empresa para criar outras.

Entre as dicas aos empreendedores brasileiros, Levine destacou a necessidade de entender a percepção do público sobre o problema que a startup quer solucionar ("se for um problema puramente individual, procure um analista", diz), de responder aos erros de forma rápida e de tomar as decisões difíceis o mais rápido possível. 

"Montar uma startup é como se apaixonar. Você tem várias ideias, mas de repente pensa 'é essa!', assim como em relação a pretendentes. Só pensa na nova ideia e no novo conceito até se sentir seguro para contar aos amigos. É como namorada, eles dizem que não vai funcionar, mas você não quer saber. É uma montanha-russa, tem que estar apaixonado", comparou.

Governo digital

O GovTech é um evento idealizado pelo ITS-Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro) e pelo BrazilLAB, e debate temas como a desburocratização por meio da tecnologia e a digitalização do setor público. 

No fim do dia, a organização deve entregar uma carta a presidenciáveis para que estes assumam compromissos para um governo mais digital.

Estão presentes no local os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL). O Brasil está no 64º lugar do Global Innovation Index, que mede a inovação de governos. 

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