Descrição de chapéu MPME

Mercado esportivo em alta dá espaço para cosméticos resistentes ao suor

Empreendedores lançam marcas de produtos para surfistas e corredores, com proteção solar

Luiz Cintra
São Paulo

Praticantes de esportes que não encontravam no Brasil cosméticos resistentes à água e ao calor viram na lacuna uma oportunidade de negócios, lançando suas próprias linhas nos últimos anos.

A ideia de criar a Ponchos, que faz produtos para surfistas, nasceu em viagens a Portugal que Henrique Vieira, 34, administrador de empresas pós-graduado em finanças, fez com a mulher. 

Em 2014, percebeu como lá era amplo o segmento de protetores solares para atletas. Ele próprio, que é surfista, tinha de recorrer aos cosméticos importados para entrar no mar protegido do sol.

No Brasil, o desafio foi escalar a extensa regulamentação do setor, centralizada na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). 

“A gente nunca imaginou que fosse tão burocrática a questão regulatória no Brasil. Concebemos a ideia em 2014, mas só conseguimos dar o start em setembro de 2017”, diz Vieira, que contou com a ajuda da irmã, bioquímica e responsável técnica pela fórmula dos protetores. 

O planejado era investir R$ 100 mil, mas acabou tendo que colocar mais dinheiro —ele não revela quanto.

O primeiro lote só foi lançado ao público em dezembro do ano passado e, desde então, foram fabricadas 10 mil unidades de protetores, em uma planta industrial terceirizada, localizada em Cotia, em São Paulo.

Como o negócio é novo, a expectativa dos sócios da Ponchos é triplicar o faturamento no próximo verão, a alta temporada dos cosméticos esportivos.

“Os nossos produtos incluem filtros físicos, não apenas os químicos, como os protetores comuns, e foram desenvolvidos para esportistas que passam muito tempo ao sol e na água”, diz Vieira.

Um bastão de 15 gramas, vendido apenas em lojas esportivas —80% delas no estado de São Paulo— custa R$ 70, preço que, segundo Vieira, se dá por seu custo de desenvolvimento e sua qualidade.

Para divulgar o produto, a Ponchos frequenta feiras esportivas, patrocina eventos e dois surfistas, Chloe Calmon e Alemão, de Maresias.

Vieira, que toca o negócio com a mulher e dois sócios, diz que o plano de expansão será concentrado nos estados das regiões Norte e Nordeste. Também lançarão em breve um produto para lavar roupas de neoprene, usada por surfistas e mergulhadores.

Necessidades pessoais também inspiraram a criação da marca Pink Cheeks, de Leme, no interior de São Paulo, há cinco anos no mercado. Renata Chaim e duas amigas tiveram a ideia de desenvolver cosméticos resistentes para quem pratica esportes nas corridas matinais que faziam diariamente —uma, publicitária, a segunda, administradora e a terceira, farmacêutica.

“Procuramos oferecer a maior proteção que existe no mercado, com produtos que não saem na água”, afirma Chaim, que também fabrica uma linha de itens anti-assadura, com foco em praticantes de corridas e caminhadas, ciclistas, triatletas, nadadores e jogadores de futebol.

Na fase inicial, a sócia farmacêutica fazia loções para prova e todas testavam. Começaram a comercializar em 2013, vendendo exclusivamente via ecommerce. Em 2017, a empresa foi premiada como a fabricante do melhor protetor solar, distinção conferida pela Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene e Cosméticos).

A marca passou a fazer também a venda direta —hoje são cerca de 500 representantes pelo país. “Em seguida, fomos para os eventos esportivos e para a distribuição com as maiores redes de varejo do país”, diz Chaim. “Estamos agora interessadas em atingir pequenos varejistas e farmácias.”

Com expectativa de crescer 40% em 2018 e faturar cerca de R$ 4,5 milhões, as sócias da Pink Cheeks contam com o aquecimento acima da média do mercado esportivo.

O público feminino, que representa mais de 90% das vendas, é foco nos eventos esportivos. A marca, que hoje tem dez funcionários, distribui amostras para se promover e tem ferramentas digitais que mostram em vídeo os resultados da aplicação dos produtos conforme o tipo de pele, já que os protetores têm bases com várias tonalidades.

“O principal impacto que tivemos com a crise foi o custo dos insumos e das embalagens, que são em dólares e tiveram de ser repassados aos produtos”, diz Renata.

A intenção da Pink Cheeks é ampliar a linha de maquiagem com protetor, com o lançamento de um batom com filtro solar de alta performance, em fase de finalização.

Há mais tempo no mercado, a Tahoma nasceu em 2017 com o objetivo de fazer itens para spas. Ex-analista da Sony, Clecius Felipe, hoje diretor de marketing da Tahoma, migrou de Londrina, no Paraná, para Aparecida de Goiânia, em Goiás, para fundar a empresa com seus sócios.

Vislumbraram, anos mais tarde, a oportunidade que havia nos produtos para esportistas. “Só existiam 75 spas na região Centro-Oeste, enquanto temos 60 milhões de esportistas no Brasil”, diz Felipe.

Em 2015, lançaram a linha esportiva, com itens voltados para esportes que geram atrito, como ciclismo, corrida e hipismo. 

Uma vitrine que ajudou a alavancar a empresa foi a rede de varejo Centauro, que desde o início de 2017 tem itens da Tahoma.

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