Descrição de chapéu Eleições 2018

'Não serão os candidatos de agora que farão a transformação digital', diz Huck

Apresentador entregará carta-compromisso relacionada à inovação a presidenciáveis

Paula Soprana
São Paulo

O apresentador Luciano Huck integra um grupo que está "acima da ideologia política" e que busca a inovação digital do país. Presente no evento GovTech, que debate uma agenda digital para o setor público, em São Paulo, ele participará da entrega de uma carta-compromisso a presidenciáveis.

Nesta terça-feira (7), candidatos à Presidência da República participam do segundo dia de evento, quando poderão apresentar suas propostas para desburocratizar o Brasil por meio da tecnologia. Estão confirmados Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), João Amoêdo (Novo), Henrique Meirelles (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL).

Luciano Huck veste camisa de manga longa preta. Ao fundo da foto, há um painel branco com o escrito em azul claro
Luciano Huck fala no evento GovTech, nesta segunda-feira (6), em São Paulo - Luís Simione/Real Photos/Divulgação

"Se o governo for mais atrasado do que a sociedade, não tem capacidade de governar. O país fica para trás", disse o apresentador durante entrevista coletiva à imprensa.

"Queremos criar uma agenda positiva. Não serão eles [os atuais candidatos] que farão a transformação digital que o Brasil precisa", acrescentou.

Segundo ele, que no início do ano decidiu não concorrer, essa mudança será possível em cerca de "três ciclos" presidenciais. 

O GovTech, idealizado pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio) e pelo BrasilLAB, apresenta exemplos de países como Estônia, Uruguai e Índia, que avançaram nos últimos anos ao implementar uma identidade única digital. Esse documento facilita a abertura de empresas, o diálogo com o Poder Público e o acesso a benefícios sociais.

Nesta tarde, o ITS-Rio também lançou o Mapa da Informação, um gráfico on-line e colaborativo que mostra como o governo armazena e processa as informações de identificação dos cidadãos.

A ideia é que, partir desse diagnóstico, agentes públicos e sociedade civil consigam avançar na digitalização dos serviços.

"Que tal o Brasil se tornar o desenvolvedor do sistema mais avançado de identidade digital do planeta?", disse Ronaldo Lemos, presidente  do ITS-Rio e colunista da Folha, ao fim do anúncio.

Luciano Huck e Ronaldo Lemos participam do Agora!, movimento político sem vinculação partidária.

Governo digital

"O Brasil é o único país do mundo que usa tecnologia para perpetuar a burocracia. É uma inovação fantástica", ironizou Lemos no anúncio da plataforma. Ele se refere às versões digitais de documentos como carteira de trabalho, de motorista e RG, que não seguem padrões inovadores de outros países.

No Uruguai, na Índia e na Estônia, por exemplo, os cidadãos contam com um único documento. Por meio de uma assinatura digital, conseguem abrir e fechar empresas, realizar matrículas e consultar informações.

No Brasil, o governo avançou na disponibilização de aplicativos, mas conta com dezenas deles, quando poderia apresentar apenas um que unificasse todos os serviços. Também trabalha no Documento Nacional de Identificação (DNI). No entanto, peca em querer unificar as bases de dados, o que aumenta potencialmente o risco de vazamento de informações.

A digitalização do setor público no país enfrenta vários desafios: o acesso à internet é caro (três vezes maior do que o dos Estados Unidos) e desigual. Os palestrantes do GovTech acreditam que é possível avançar na universalização da rede junto à modernização do governo, a exemplo da Índia. Em seis anos, o país revolucionou sua prestação de serviços.

Nos últimos quatro anos, o governo aprovou o Marco Civil da Internet, o Plano Nacional de Internet das Coisas (que ainda depende de decreto), a Lei da Inovação e a Estratégia de Transformação Digital. No entanto, especialistas afirmam que a agenda digital não figura entre as prioridades.

A visão analógica sobre o serviço público aparece na hora de abrir uma empresa, por exemplo. Aqui, são necessários 79 dias, enquanto no Uruguai e na Estônia, apenas um.

Outro problema levantado nos painéis diz respeito às fraudes de identidade. Enquanto há pessoas sem registro no Brasil, outras conseguem criar dezenas de CPFs. Uma autenticação digital segura dificultaria esse tipo de equívoco.

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