Nos EUA, mercado flerta com tendência de alta histórica

Enquanto Brasil vive turbulências, mercados americanos vivem otimismo

Danielle Brant
Nova York

Se no Brasil as turbulências eleitorais contaminaram o humor dos investidores, no animado mercado americano parece não haver limites para o otimismo.

O índice S&P 500, que reúne ações de 500 empresas do país, ficou perto de bater novo recorde nesta sessão, depois de subir 0,2%, a 2.862 pontos —pouco abaixo da máxima histórica de 2.872 pontos alcançada em 26 de janeiro deste ano.

É um momento de "bull market" --numa analogia ao touro que joga para cima, o jargão indica mercado em alta. É o maior período que o indicador passa sem sofrer uma queda de 20% a partir de uma determinada pontuação.

Pessoas tiram fotos com o Touro de Wall Street, em Nova York
Pessoas tiram fotos com o Touro de Wall Street, em Nova York - AFP

Já são 3.453 dias desde que o indicador atingiu a mínima de 666 pontos, em 9 de março de 2009, quando os Estados Unidos estavam mergulhados em uma grave crise financeira, lembra o jornal The Wall Street Journal.

O recorde anterior tinha sido em março de 2000, quando o indicador acumulou ganho de 417% em um período de 3.452 dias. Atualmente, o S&P 500 registra valorização de 323%.

Não é só o S&P 500 que espelha o otimismo dos investidores. Nesta terça, o Dow Jones subiu 0,25%, para 25.822 pontos. E o índice da Bolsa de tecnologia Nasdaq avançou 0,5%, para 7.859 pontos.

Nos EUA, o otimismo é ancorado no sólido crescimento da economia americana, que tem se traduzido em lucros cada vez maiores das empresas. Alguns analistas, porém, já apontam para riscos no horizonte.

Jeremy Glasser, diretor da Morningstar, diz que não há uma resposta simples sobre quando o otimismo vai terminar. Alguns fatores que levaram às valorizações das ações, como o ganho das empresas e taxas de juros ainda baixas nos EUA, continuam válidos.

Mas qualquer coisa, como uma guerra comercial, um erro na condução da política monetária ou uma situação que não esteja no radar podem ser o gatilho para que o mercado devolva parte das valorizações.

“Os marcos atingidos hoje não são, sozinhos, razões para fazer mudanças nos planos financeiros” dos investidores, diz. Mas devem servir para que cada um analise a exposição de risco em suas carteiras. 

“Pode ser uma oportunidade para rebalancear e retirar algum risco da mesa”, afirma, citando especificamente o caso daqueles que não têm um horizonte de tempo de investimento muito longo.

Em relatório, o JP Morgan afirma que o descasamento entre a performance do mercado americano em relação ao europeu e aos emergentes não tem precedentes na história. Segundo os analistas, as Bolsas americanas operam no positivo, enquanto Ibovespa e a maioria dos mercados europeus cai.

“Dado que é uma ocorrência rara (nunca aconteceu para a Europa nem para a Ásia), isso sugere que é uma condição de mercado que não vai persistir”, avaliam.

Ou seja, ou os indicadores americanos vão ceder, ou os emergentes e europeus vão melhorar. Para o JP, é mais provável que essa última hipótese se materialize, por causa do crescimento global, ativos baratos fora dos EUA e medidas de estímulo na China, por exemplo, além de negociações que podem colocar fim à guerra comercial entre o gigante asiático e a potência americana.

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