Pastor dos EUA preso na Turquia recorre por liberdade e suspensão de proibição de viagens

Americano é acusado de ajudar seguidores de clérigo que teria planejado tentativa de golpe de Estado contra Erdogan em 2016

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Istambul | Reuters e AFP

Um pastor cristão americano que enfrenta julgamento na Turquia por acusações de terrorismo recorreu novamente a um tribunal turco para liberá-lo da prisão domiciliar e suspender sua proibição de viagens, disse seu advogado nesta terça-feira (14).

As relações entre os Estados Unidos e a Turquia têm se deteriorado devido ao julgamento do pastor cristão Andrew Brunson, que ficou preso durante 21 meses em uma prisão turca até ser transferido para prisão domiciliar no mês passado –uma medida que Washington considerou insuficiente.

O documento de recurso argumenta que o tribunal deve interromper qualquer intervenção política ilícita e suspender as provisões de controle judicial impostas contra Brunson

Brunson, que está na Turquia há mais de duas décadas, dirigia uma pequena igreja protestante em Esmirna. As autoridades turcas o acusam de agir em nome da rede do pregador Fetullah Gülen, a quem Ancara acusa de ser o mentor do golpe fracassado de julho de 2016, mas também em nome do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). Essas duas organizações são consideradas terroristas pela Turquia.

"O tribunal deveria impedir intervenções políticas ilícitas ao suspender provisões de controle judicial contra o réu", disse o documento.

"Os Estados Unidos vão impor grandes sanções contra a Turquia pela longa detenção do pastor Andrew Brunson, um cristão formidável, homem de família e maravilhoso ser humano. Ele está sofrendo muito. Este inocente homem de fé deve ser libertado imediatamente!", escreveu o presidente americano no Twitter em julho.

No mês passado, o Washington Post noticiou o fracasso de um acordo entre Ancara e Washington para a libertação de uma turca presa em Israel em troca de Brunson.

Ebru Ozkan, de 27 anos, retornou à Turquia em 16 de julho, depois de mais de um mês de detenção em Israel, sob a acusação de ajudar uma organização "terrorista".

De acordo com Hurriyet, Erdogan disse a repórteres em sua recente viagem à África do Sul que a Turquia "nunca fez do pastor Brunson uma moeda de barganha", indicando, no entanto, que Ancara havia procurado a ajuda de Washington para garantir o retorno de Ozkan ao seu país.

Em setembro, Erdogan havia evocado a ideia de trocar o pastor Brunson contra o clérigo Gülen, uma hipótese varrida por Washington.

Queda da Lira

A lira turca despencou com preocupações sobre a intensificação da rixa entre Washington e Ancara, atingindo uma mínima recorde de 7,24 contra o dólar e perdendo cerca de 45% neste ano.

Depois que Brunson foi transferido para prisão domiciliar, os Estados Unidos impuseram sanções contra dois ministros turcos e dobraram as tarifas alfandegárias sobre importações de alumínio e aço da Turquia.

O advogado de Brunson, Ismail Cem Halavurt, disse que o tribunal tem até 7 dias para decidir sobre o recurso. O pastor, que enfrenta até 35 anos de prisão se for considerado culpado, nega as acusações.

A próxima audiência do julgamento de Brunson está marcada para o dia 12 de outubro.

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