O Banco do Brasil está seguro de que terá um segundo semestre melhor do que o primeiro, apesar da instabilidade que o cenário eleitoral pode provocar na economia e nos mercados, disse o presidente do banco, Paulo Caffarelli, nesta quinta-feira (9).
"De maneira nenhuma abala a gente. A empresa sabe como agir em momentos como esse", disse Caffarelli. "Apesar de toda a volatilidade, temos condições para avançar e teremos um segundo semestre mais forte."
O banco reportou nesta quinta lucro líquido ajustado (sem efeitos extraordinários) de R$ 3,2 bilhões no segundo trimestre, alta de 7,1% em relação aos três meses anteriores e de 22,3% ante 2017.
Assim, o BB fechou o primeiro semestre com lucro de R$ 6,3 bilhões, 21,4% superior ao mesmo período do ano anterior. O resultado foi influenciado por um aumento nas receitas com tarifas e menores provisões para crédito duvidoso, conforme a inadimplência permanece em queda.
"O Banco do Brasil vai se aproximar de seus pares em relação à rentabilidade. É uma instituição, por natureza, mais conservadora, mas, se necessário, seremos mais ousados", disse Caffarelli.
O presidente reforçou que, no segundo trimestre do ano, a carteira de crédito do banco cresceu pela primeira vez desde o pós-crise em todos os segmentos, se comparada ao trimestre imediatamente anterior.
A carteira atingiu R$ 685,5 bilhões em junho, alta de 1,5% ante março, mas, por outro lado, uma redução de 1,5% em relação aos R$ 696,1 bilhões de junho de 2017.
O avanço é contido pelo financiamento à pessoa jurídica, sobretudo a micro e pequenas empresas.
"O banco passou por período de perdas significativas no segmento. Chegamos a ter uma carteira de R$ 90 bilhões, hoje estamos abaixo de R$ 50 bilhões", disse Caffarelli.
A carteira de crédito de empresas atingiu R$ 263,4 bilhões em junho, praticamente estável ante o primeiro trimestre (+0,1%), mas 5% inferior a 2017. No segundo trimestre, o crédito para médias e grandes empresas e o governo avançou 1,3%, mas recuou 6% entre as pequenas.
Bernardo Rothe, vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores, disse que o crescimentos de MPRs é dificultado por questões estruturais. O BB trabalha para diversificar sua carteira de MPE, dependendo menos de investimentos e focando em operações de prazo mais curto, como recebíveis e capital de giro.
Caffarelli sinalizou que no terceiro trimestre o banco pode começar a ver um crescimento da carteira geral de crédito também na base anual. "Os números de agosto já estão se mostrando bastante interessantes. Acredito que a retomada no consumo puxará a demanda por crédito. O importante agora é que foi estancada a perda."
Segundo Caffarelli, a economia demonstra reação após o baque da paralisação de caminhoneiros de maio, a inflação deve ficar abaixo do centro da meta do governo, de 4,5%, e parte dos investimentos não será represada à espera das eleições. O BB projeta um crescimento de 1,7% para o PIB (Produto Interno Bruto) de 2018.
Questionado sobre uma eventual privatização do BB, levantada por alguns presidenciáveis e suas equipes econômicas, Caffarelli disse que o banco está acostumado a lidar com o tema há muitos anos, "porque sempre que tem eleição se fala nisso".
"Não perco um segundo do meu sono por causa disso. Isso não nos afeta, diz única e exclusivamente ao acionista majoritário do banco. Independentemente de ser um banco público ou, no futuro, vir a se tornar privado, o BB está em uma rota forte de consolidação", afirmou.
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