Produção de aço bruto no Brasil em julho sobe 6,7% no ano

Produção continua lenta por conta da paralisação dos caminhoneiros

Rio de Janeiro | Reuters

A produção de aço bruto e as vendas da liga no Brasil em julho cresceram na comparação com o fraco ritmo do ano anterior, mas mantiveram desempenho morno frente a junho, ainda afetadas por impactos da greve dos caminhoneiros e da lentidão da economia.

Segundo dados do Instituto Aço Brasil (IABr), a produção de julho somou 3 milhões de toneladas, crescendo 6,7% no comparativo anual, mas praticamente estável sobre as 2,92 milhões de toneladas de junho.

As vendas no mercado interno subiram 13% ante julho de 2017, para 1,6 milhão de toneladas, mas caíram quase 9% frente a junho.

"Os dados não mudaram. Ainda mostram crescimento na comparação anual, mas representam decréscimo em relação ao que estávamos prevendo no início do ano", disse o presidente-executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes.

Em julho, o IABr diminuiu suas projeções para a produção, vendas internas e exportações de 2018. A previsão de crescimento da produção de aço bruto deste ano passou de 8,6% para 4,3%, a 35,84 milhões de toneladas. A expectativa de alta das vendas no mercado interno foi reduzida de 6,6% para 5%, a 17,74 milhões de toneladas.

"Esse crescimento ainda é insuficiente para recuperar as quedas acumuladas nos últimos anos", disse Lopes, citando que as vendas internas de aço no Brasil acumulam queda de 27% nos últimos cinco anos.

Segundo o IABr, o consumo aparente —que considera vendas de produção local e importações no mercado interno— cresceu 12% a ano em julho, para 1,8 milhão de toneladas, mas ficou abaixo das 2 milhões de toneladas registradas em junho.

Lopes disse que a defesa do setor industrial brasileiro será uma das principais pautas de um congresso do IABr na próxima semana, a menos de dois meses da eleição presidencial. "Qualquer que seja o presidente eleito, a primeira e mais urgente demanda é que a indústria seja priorizada no país", disse o executivo, acrescentando que isso passa por temas como retorno do programa Reintegra, voltado a exportações, e defesa comercial.

Em julho, as exportações de aço do Brasil somaram 984 mil toneladas, queda de 8% ante mesmo período de 2017. Em valores, as vendas externas foram de US$ 627 milhões, alta anual de 13,4%.

Essa contradição reflete a entrada em vigor do regime de cotas de exportação aos Estados Unidos, que pesou nos volumes, contrabalançado pela elevação de preços do aço no mercado global provocado em parte pela guerra comercial iniciada pelos EUA.

Lopes comentou que o Brasil segue discutindo ajustes ao acerto de cotas definidos com os EUA, algo que inclui produtos como "steel cord" (malha de aço usada em pneus) e exportações temporárias, em que o produto é levado aos EUA para ser beneficiado antes de ser exportado para outro destino.

"Não faz sentido ter cota para o Steel cord  porque não é produzido nos EUA e nem no Nafta. Também não faz sentido colocar cotas sobre as exportações temporárias", disse Lopes, acrescentando que representantes comerciais do Brasil estiveram nos últimos dias nos EUA para manifestar estes pontos e que o país aguarda uma resposta norte-americana.

Questionado sobre a série de graves acidentes ocorridos em siderúrgicas do Brasil nos últimos dias, Lopes disse que o tema segurança do trabalho é o principal ponto de atenção de reuniões da entidade e negou que ocorreram por falta de investimentos.

"Houve, infelizmente, num curto espaço de tempo uma coincidência de fatos que não se tem como controlar. Temos que esperar para avaliar as causas, mas não cabe qualquer tipo de avaliação de negligência ou de falta de priorização de investimentos. Segurança sempre é questão prioritária para o setor", disse o presidente-executivo do IABr.

Nesta sexta-feira, a Usiminas afirmou que a explosão de um gasômetro que feriu 34 pessoas na usina de Ipatinga (MG) na semana foi causada por entrada indevida de ar atmosférico no equipamento.

Um funcionário terceirizado morrera dias antes na usina mineira. Na última segunda-feira, um trabalhador de empresa contratada pela Usiminas teve o braço amputado após acidente em atividade de manutenção.

Na véspera, morreu no hospital um funcionário da CSN que teve queimaduras em mais de 80% do corpo num acidente na usina da empresa em Volta Redonda (RJ).

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