Retomada desigual de emprego deixa regiões em nível pré-crise

Lucas Vettorazzo
Rio de Janeiro

A geração de vagas formais no primeiro semestre deste ano é maior do que a registrada no período pré-crise, quando cerca de 150 mil vagas foram criadas ao longo de todo o ano de 2014. Foram criadas no período 392,4 mil postos de trabalho formais.

Essa retomada, contudo, tem sido desigual pelo país, indicam dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho.

Os dados, no entanto, incluem os contratos intermitentes, que não têm jornada fixa e têm sido computados no Caged como emprego mesmo sem que a pessoa trabalhe de fato.

O estudo foi feito pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getulio Vargas), que analisou a geração de vagas em todas as mesorregiões.

Enquanto a região metropolitana de São Paulo, a maior do país em quantidade de habitantes, lidera o ranking de geração líquida de vagas formais, a metropolitana do Rio, a segunda maior, está no topo das que mais fecharam vagas.

Os dados são do acumulado de 12 meses encerrados em junho deste ano. A Grande São Paulo gerou 31.670 vagas formais no período, puxadas pela indústria e setor de serviços. Já o Rio registrou saldo negativo de 38.378 vagas período.

A segunda colocada no ranking dos piores desempenhos é a região norte fluminense, dos municípios petroleiros de Macaé e Campos dos Goytacazes, com saldo negativo de 5.767 vagas no período.

O cenário condiz com a realidade do Rio no período pós-realização de grandes eventos esportivos.

Muitos trabalhadores da construção civil que participaram das obras da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016 não encontraram empregos formais com o fim dos trabalhos e migraram para a informalidade. Já o setor de petróleo e gás sofre com a paralisia da Petrobras.

Apesar das perdas pontuais em algumas mesorregiões, o estudo identificou que, em junho deste ano, quase dois anos depois do período mais agudo de crise econômica no Brasil, a maior parte das regiões brasileiras se encontra em patamares de geração de vagas equivalentes ou até superiores ao verificado em 2014.

Para o consultor do Ibre/FGV Tiago Cabral Barreira, responsável pelo levantamento, a notícia ainda está longe de ser boa.

"Embora estejamos em patamares pré-crise em muitos locais, é importante dizer que perdemos 1,32 milhão de empregos formais em 2016 e geramos menos de 400 mil neste primeiro semestre. O ritmo em geral está melhorando, mas ainda vamos demorar para voltar ao nível em que já estivemos", disse Barreira.

O pesquisador ressalta ainda que os empregos formais gerados têm sido de baixa qualificação, encontrados, por exemplo, em setores como alimentação e alojamentos.

As disparidades regionais no país ficam mais evidentes quando analisadas regiões que vivem do agronegócio e que tiveram resultados distintos em junho.

A região norte de Mato Grosso, por exemplo, ficou em sétimo lugar no ranking das com melhor saldo de geração de vagas nos 12 meses encerrados em junho. O saldo líquido no período foi de 9.259 vagas, puxadas pelo bom desempenho da pecuária local.

Já o leste de Mato Grosso do Sul teve uma perda líquida de 4.408 vagas no período.

O estado é um importante produtor de soja do país, que registrou safra recorde neste ano e também queda nos preços do produto.

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