Quem teve a oportunidade de acompanhar as entrevistas que realizei, publicadas aqui na Folha, pode ter uma boa ideia do objetivo do projeto “Atitude Digital’.

O livro aborda o impacto da evolução tecnológica para a sociedade, as empresas e os negócios. Discute os desafios, oportunidades e as atitudes necessárias para sobreviver e evoluir no cenário que se convencionou chamar de ‘digital’.

A obra é dirigida para os profissionais que enfrentam o desafio de liderar ou contribuir para os processos de transformação digital e não oferece soluções mágicas, mas ajuda a entender o que está acontecendo e o que vem em seguida, com boas ideias sobre como aproveitar as oportunidades.

Evitei o modelo clássico norte-americano, que costuma apresentar um conjunto de regras para o sucesso e ilustrar com ‘cases’ que comprovam sua validade. Preferi o caminho dialético, da construção colaborativa de conhecimento e da curadoria do conteúdo.

Pretendi produzir um livro sobre ‘Transformação Digital’ fugindo do padrão convencional, e voltado para a realidade do Brasil. Para isso, conversei com profissionais que atuam em nosso país, ajudando a desenvolver essa transformação. Às suas ideias, reuni pesquisas e vivências, construindo o que considero ser uma visão interessante e pragmática que convida a pensar, explora possibilidades e sugere caminhos.

Algumas ideias simples, mas poderosas, que são aprofundadas no livro:

“Identificar as oportunidades oferecidas pela tecnologia e aplica-las aos negócios demanda mudança de atitude, e possivelmente uma transformação organizacional que inclua a revisão da cultura e dos valores.”

“Quando se trata de transformação digital, o foco deve ser a transformação, não o digital.”

"Das muitas possibilidades oferecidas pela tecnologia, prevalecem as que atendem necessidades e desejos represados da sociedade. É o exercício dessas novas possibilidades transforma a sociedade."

“Mais foco no consumidor e menos na tecnologia, conceitos e métricas mais integradoras e menos específicas e, sobretudo, modelos de negócio mais colaborativos e menos competitivos, são os pilares da transformação.”

“Os consumidores são os verdadeiros agentes de transformação. Não é a tecnologia exponencial, mas o uso exponencial da tecnologia que realmente importa.”

Como parte do processo vivêncial, optei por publicar primeiro a versão digital - ‘digital first’ - ao estilo ‘maker’, direto na plataforma da Amazon ( https://amzn.to/2B1IgjK ).

Esse detalhe ilustra, na prática, uma importante mudança nas regras da economia criativa, também abordada no projeto. Há duas décadas, o maior desafio para um escritor (além de escrever seu livro) era encontrar uma editora disposta a investir para produzir e comercializar sua obra. Em caso de sucesso, receberia algo em torno de 10% do valor de venda, a título de direitos autorais. Hoje, os autores podem utilizar diversas plataformas de auto-publicação, para o formato digital, que prometem até 90% das vendas em direitos, mediante condições determinadas.

Mas não se iluda. O Brasil ainda não é um país de leitores e, muito menos, de livros digitais. Em números arredondados, apenas metade da população brasileira pode ser considerada leitora de livros e algo em torno de 15% leem livros digitais, dando preferência para os gratuitos.

E mundo dos livros impressos também não anda bem. As duas maiores livrarias brasileiras, a Cultura e a Saraiva, enfrentam dificuldades para pagar os editores.

De qualquer forma, a versão impressa do livro ‘Atitude Digital’ segue por caminhos mais convencionais e deverá estar disponível no final do mês.

Ficarei feliz se puder ser útil para os leitores, a quem aproveito para agradecer por acompanharem-me nesta jornada.

Até breve.